O Bank of America (BofA) segue com a crença de que a escala, a execução e as melhorias digitais que vêm sendo implementadas pela RD (Raia Drogasil) colocam a rede de farmácias, a maior do País, em uma ótima posição para continuar com um bom ritmo de crescimento e consolidar o setor.

Apesar de sustentar tal visão, o banco está incluindo uma dose de cautela nessa prescrição, ao reduzir o preço-alvo da ação, de R$ 31 para R$ 25. Seus analistas estão mantendo, no entanto, a recomendação de compra para o papel.

Em relatório, o BofA ressalta que o novo preço-alvo reflete um desconto maior em relação às médias históricas da companhia. E justifica essa atualização destacando quatro fatores a serem considerados no horizonte da rede e que podem “pesar” no sentimento dos investidores.

“O ano de 2025 introduz diversos potenciais de atritos: menores aumentos de preços regulamentados, pressões de custos de ocupação, maiores custos de mão de obra e a perspectiva de supermercados e outros varejistas começarem a vender medicamentos sem receita”, escrevem os analistas do BofA.

O primeiro componente se relaciona com o reajuste médio dos medicamentos regulamentados aprovado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que será divulgado no fim de março, com a projeção de um índice em torno de 3,8%, o menor dos últimos sete anos.

O BofA estima que 70% das vendas da RD se enquadram nessa categoria. E, a partir de uma projeção de que os preços do portfólio restante cresçam em linha com a inflação, o banco prevê um aumento médio de preços de 4,2% levando-se em conta todas as ofertas da rede.

“Embora os preços do varejo devam seguir amplamente os ajustes dos fabricantes, um ganho inflacionário menor no estoque pode impactar a margem bruta do segundo trimestre. Os preços também podem limitar o crescimento da receita e a alavancagem operacional”, escreve o banco.

Em paralelo, os analistas destacam que o aumento médio dos medicamentos regulamentados para 2025 provavelmente virá abaixo dos aumentos dos custos de mão de obra e de ocupação. Mas fazem uma ressalva:“O repasse dos proprietários dos imóveis, no entanto, pode ser menos severo, dada a posição da RD como um inquilino cobiçado e as taxas de vacância relativamente altas de imóveis comerciais”, aponta o BofA.

Em contrapartida, o banco observa que, após uma queda no NPS (Net Promoter Score), o índice que mede o nível de satisfação dos clientes, a RD está se movimentando para ampliar seu número de funcionários nas lojas.

Nesse sentido, apesar da expectativa de que essa estratégia contribua para o crescimento de mesmas lojas no longo prazo e a consolidação do setor, os analistas acreditam que os investidores podem se concentrar mais na pressão dos custos de curto prazo associados a esse processo.

Já no que diz respeito à possível abertura das vendas de medicamentos sem receita em supermercados e outros segmentos do varejo, o BofA projeta um impacto de dois a três pontos percentuais nas vendas da rede, caso essa legislação entre em vigor.

No saldo desses “atritos”, o banco também revisou algumas de suas projeções para a operação. Entre elas, o lucro líquido para 2025, 2026 e 2027. Comparadas às estimativas anteriores, as atualizações trouxeram reduções, respectivamente, de 15,2%; 10,4%; e 7,7%.

Os papéis da RD registravam queda de 0,63% por volta das 14h na B3, cotados a R$ 18,78. As ações acumulam uma desvalorização de 14,6% em 2025 e a rede está avaliada em R$ 32,1 bilhões.