Mais de 850 mil alunos, 176 campis e uma base de 1,5 mil polos de ensino a distância. Com uma estratégia agressiva de aquisições e crescimento orgânico, a Kroton, da holding Cogna, construiu, nos últimos anos, uma gigante do ensino superior com presença em mais de 900 cidades do País.

Agora, porém, a empresa está seguindo o caminho inverso. Ao menos no ensino presencial. Com a Covid-19 e o reforço de tendências como a migração de alunos para o ensino a distância (EAD) e o modelo de educação híbrida, a Kroton deu início ao processo de reestruturação que irá enxugar parte de sua rede.

“Temos uma ampla frente de reestruturação de unidades”, disse Rodrigo Galindo, CEO da Cogna, em conferência com analistas nesta sexta-feira. “Estamos buscando otimizar nossa estrutura sem deixar de atender os alunos nas cidades em que estamos presentes.”

Apesar de não revelar o número de unidades envolvidas, Galindo sinalizou algumas alternativas que estão sendo avaliadas. Além da unificação de campi, a manutenção da presença da Kroton em determinadas cidades poderá ser feita por meio das estruturas de parceiros.

“Já estamos em estágio avançado em termos de negociações e assinaturas de contrato”, afirmou o executivo, sem detalhar como funcionariam, na prática, essas parcerias. “Mas os tombamentos e implementações serão feitos nas viradas de semestre.”

Como parte da lição de casa para reduzir os impactos da pandemia, a empresa também está reforçando as iniciativas de geração de caixa e de racionalização da sua base de alunos, em busca de reduzir a inadimplência.

Entre outras estratégias implantadas com essa finalidade, a Kroton reduziu consideravelmente a oferta de descontos, com foco maior em cursos premium, evitou entrar em guerras de preços e decidiu encerrar o Parcelamento Estudantil Privado (PEP), seu programa de financiamento próprio criado em 2015, como uma alternativa à redução de recursos do FIES.

“Nossa estratégia de perseguir receita de qualidade vai se manter”, afirmou Galindo. “Estamos menos preocupados com volume e mais preocupados com receita que se transforme em caixa”, completou o executivo.

No terceiro trimestre, os resultados da Cogna foram novamente impactados pela operação da Kroton, maior negócio da holding. No período, o grupo reportou uma receita líquida de R$ 1,25 bilhão, o que representou uma queda de 17,1% sobre os indicadores do mesmo período, um ano antes.

Entre julho e setembro, a empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 1,2 bilhão, contra um lucro líquido de R$ 20 milhões, no terceiro trimestre do ano passado.

Na B3, as ações da companhia estavam sendo negociadas com alta de 3,06%, por volta das 15h. No ano, os papéis acumulam uma queda de cerca de 47%. A Cogna está avaliada em R$ 8,9 bilhões.

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