Em relatório publicado nesta sexta-feira, 13 de janeiro, o Santander atualiza as perspectivas para as empresas de saúde listadas na B3, partindo de uma visão ainda pouco favorável ao setor, em função dos efeitos do ambiente macroeconômico, e destacando que resiliência é palavra-chave nesse contexto.

Diante de um quadro que inspira cuidados, o banco, em seu diagnóstico, ressalta a preferência por três subsegmentos com menor correlação com esse cenário - farmacêutico, oncologia e odontológico. E, nesse universo, pinça as ações que julga estarem em melhor forma: Hypera, Oncoclínicas e OdontoPrev.

Em contrapartida, os analistas observam que as operadoras de planos de saúde, os hospitais e as empresas de medicina diagnóstica terão mais desafios pela frente. Em especial, a Qualicorp e a Dasa, cujas recomendações estão sendo rebaixadas pelo Santander.

“Essas empresas podem enfrentar dificuldades para adicionar beneficiários e aumentar preços, levando a uma taxa de sinistralidade potencialmente consistente e acima da média, e criando dificuldades para a negociação de preços”, escrevem os analistas Caio Moscardini e Guilherme Gripp.

Na outra ponta, a Hypera, dona de marcas como Doril e Benegrip, é a top pick do Santander no setor. O banco reitera a recomendação outperform (acima da média de mercado) e tem preço-alvo de R$ 55 para a ação, o que traduz um potencial de valorização de 21,7% para o papel.

A dupla de analistas frisa que a empresa teve um de seus melhores desempenhos operacionais em 2022, com diversos lançamentos de produtos importantes, grandes ganhos de participação e de mercado.

“A empresa deve ser capaz de sustentar um forte desempenho operacional em 2023, bem como potencializar novas vias de crescimento, incluindo o mercado institucional”, escrevem. Eles acrescentam que o valuation do ativo ainda está barato na comparação com sua média histórica de negociação.

Apesar de reduzir o preço-alvo da ação da Oncoclínicas, de R$ 12,50 para R$ 10,75, o banco reafirma a recomendação de outperformr e destaca o fato de a empresa ser um “pure play” de oncologia, um segmento com uma dinâmica de crescimento consistente para os próximos anos, na esteira de fatores como o envelhecimento da população e o aumento da penetração dos planos privados de saúde.

“A reestruturação corporativa em curso deve ser o principal catalisador das projeções de resultados”, aponta outro trecho do relatório. “Esperamos um crescimento orgânico forte e maior escala (após fusões e aquisições importantes), para gerar melhores margens.”

Completando o “pódio”, o Santander atualizou a classificação da OdontoPrev, de neutro para outperform. Os analistas observam que a empresa já teve alta correlação com o ambiente macroeconômico, em função da geração de empregos formais.

Tal perspectiva ainda vale para o braço de planos empresariais. No entanto, eles entendem que produtos menos atrelados a esse cenário, como aqueles voltados a pessoas físicas e empresas de pequeno e médio porte, vêm ganhando mais relevância no balanço da companhia.

“Em nossa visão, esses produtos se tornarão mais relevantes e continuarão a crescer, mesmo som um cenário macro difícil, levando a um crescimento da receita da OdontoPrev de 8%, ano sobre ano, com as margens permanecendo acima dos níveis históricos, de forma sustentável”, escrevem.

No campo oposto, a dupla ressalta que gosta dos ativos da Dasa e acredita que a empresa é capaz de entregar melhorias em seu negócio hospitalar. Mas entende que esses avanços estão demorando mais do que o esperado para serem concretizados.

“Portanto, reduzimos nossa expectativa de aumento de margem. Além disso, uma maior alavancagem pode continuar a pressionar os resultados”, dizem os analistas que, além da recomendação, rebaixaram o preço-alvo da ação de R$ 30,50 para R$ 15,50.

Ao reduzir também o preço-alvo da ação da Qualicorp, de R$ 19 para R$ 7, a avaliação é de que a empresa irá enfrentar mais um ano com perda de clientes, crescimento lento, pressão de margem e impactos negativos no tíquete médio.

“As adições líquidas de clientes parecem improváveis levando-se em conta um ambiente econômico fraco e aumentos potencialmente elevados de preços de planos de saúde em 2023, que podem levar a um churn persistentemente alto”, observam os analistas, no relatório.