Com o objetivo de expandir sua capacidade em energia renovável, o Pátria Investimentos anunciou nesta sexta-feira, 1º de dezembro, a aquisição de um portfólio de parques eólicos detidos pela companhia ContourGlobal, baseada no Reino Unido, no Brasil.
A operação, feita por meio do fundo de Infraestrutura IV, envolve a compra de um portfólio de quatro projetos eólicos, totalizando cerca de 600 megawatts (MW) de capacidade instalada: Asa Branca, localizado no Rio Grande do Norte; e Chapada I, Chapada II e Chapada III, localizados no Piauí.
O acordo envolve ainda a compra das participações da Eletrobras, sócia minoritária nos projetos Chapada I e Chapada II, com uma fatia de 49% em cada um deles. Os termos financeiros da aquisição não foram divulgados e o fechamento da operação está sujeito a aprovações regulatórias e de credores.
“O setor de energia é um setor prioritário para o Pátria e energia renovável é o tema de maior relevância dentro do nosso portfólio”, afirma Marcelo Souza, sócio da vertical de infraestrutura do Pátria e head do setor de energia, ao NeoFeed. “Ao fazer essa aquisição, damos um passo bastante largo, aumentando nossa presença em energias renováveis.”
Os parques adquiridos serão incorporados à Essentia Energia, empresa fundada em 2020 e que abriga os projetos de geração renovável do Pátria. Com os ativos da ContourGlobal, ela passa a deter uma capacidade total de 1,7 mil megawatts (MW)
Considerando também as duas outras plataformas de energia do grupo no Brasil – a Arke, que atua na parte de geração térmica, e a Élis Energia, de geração distribuída –, o Pátria chega a uma capacidade instalada total de cerca 2,5 gigawatts (GW), considerando os projetos em operação e os que estão em construção.
Esta não é a primeira operação do Pátria com a ContourGlobal. Em janeiro do ano passado, a gestora fechou a compra de nove pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com capacidade instalada de 167 megawatts, por R$ 1,7 bilhão, valor que incluía a assunção da dívida líquida. Desde então, o Pátria vem conversando com a ContourGlobal para adquirir o portfólio de eólicas da companhia britânica.
Souza diz que um dos fatores que motivou a operação é o fato de o momento não ser oportuno para desenvolver novos projetos, uma vez que o custo para construir está alto, enquanto o preço da energia no Brasil está muito baixo.
Com a ContourGlobal querendo se desfazer dos ativos, o Pátria enxergou uma oportunidade de incorporar um portfólio com contratos de venda de energia (PPAs) de longo prazo em patamares melhores que os atuais, cujos ativos que já estão em operação.
“Viabilizar novos contratos [de venda de energia] de longo prazo, a preços que possibilitem novos projetos, está bastante complexo”, afirma Souza. “Para continuarmos crescendo em renováveis, está difícil pelo lado do greenfield.”
Souza diz que os ativos da ContourGlobal vão demandar investimentos para melhorar a qualidade da operação. Mais adiante, com as eficiências capturadas, ele diz que o Pátria vai avaliar a venda dos ativos. “Queremos criar valor através da melhoria operacional dos parques.”
Souza diz que o Pátria tem muito apetite para crescer em energia renovável no Brasil e na América Latina. Na Essentia, o pipeline de novos projetos está pronto, aguardando uma melhora das condições de mercado, principalmente na parte de geração solar.
“Enquanto isso, avaliamos oportunidades como essa [parques da ContourGlobal], de ativos operacionais que demandam um player como o Pátria, que tem experiência para construir do zero ou melhorar ativos”, afirma.
O sócio do Pátria vê também bastante potencial de crescimento em geração distribuída, com a Élis cumprindo um programa de desenvolvimento de 200 MW, com possibilidade de expandir essa capacidade mais para frente, diante da forte demanda por esse tipo de serviço.
Na frente de térmicas, o Pátria também está monitorando oportunidades para eventualmente ampliar o portfólio.