A farmacêutica americana Pfizer está apostando todas as suas fichas em um novo medicamento, na tentativa de abocanhar uma fatia do mercado bilionário de perda de peso. Até o momento, o Ozempic, da Novo Nordisk, e o Mounjaro, da Eli Lilly, lideram a disputa pela indústria que está projetada para valer mais de US$ 130 bilhões por ano.
O foco da empresa, na verdade, chega a ser um pouco nostálgico. Durante a pandemia de covid-19, quando a corrida pelo desenvolvimento de vacinas fez a farmacêutica atingir um recorde de faturamento de US$ 100 bilhões, tudo parecia caminhar para um futuro ainda mais próspero.
Porém, com o passar dos anos e a nova febre da busca pelo emagrecimento rápido, outros players se adiantaram e deixaram a Pfizer para trás. Hoje, a companhia luta para convencer os investidores de que pode encontrar um caminho para o crescimento.
Nesse cenário, a empresa anunciou na quinta-feira, 11 de julho, que começará estudos para avaliar a dose perfeita da pílula para perda de peso no segundo semestre deste ano. A pílula é baseada no composto danuglipron — um peptídeo semelhante ao glucagon, ou GLP-1, que se parece com o composto utilizado pelos concorrentes.
No fim de 2023, a empresa interrompeu os testes de uma versão que deveria ser usada duas vezes ao dia. Apesar do medicamento ter tido sucesso na redução de peso em pacientes obesos, ele causou náuseas, vômitos e efeitos colaterais gastrointestinais.
Mikael Dolsten, diretor científico da Pfizer, afirmou que o danuglipron "demonstrou boa eficácia em uma formulação duas vezes ao dia, e acreditamos que a proposta de uso de uma vez ao dia tem o potencial de ter um perfil competitivo no mercado de GLP-1".
Enquanto isso, as biotecnológicas Zealand Pharma, Structure Therapeutics e Viking Therapeutics também estão testando pílulas para perda de peso em ensaios de estágio intermediário, enquanto outras empresas farmacêuticas como AstraZeneca e Amgen correm para encontrar um concorrente no mercado lucrativo.
Concorrentes do mercado bilionário
Enquanto a Pfizer procura maneiras de entrar no mercado de perda de peso, as concorrentes Novo Nordisk e Eli Lilly já estão um passo à frente. Agora, a nova mina de ouro está nos remédios para Alzheimer e doenças graves, que ocupam os laboratórios de pesquisa e seus renomados cientistas.
Para continuar investindo nos medicamentos de perda de peso e ao mesmo tempo criar demanda para novas necessidades do mercado de saúde, as gigantes estão injetando dinheiro em economias como a dos Estados Unidos.
No fim de junho, a Novo Nordisk informou ao mercado que elevou o investimento voltado para a fabricação de remédios para US$ 6,8 bilhões, além de ter aportado US$ 4,1 bilhões para construir uma nova fábrica nos Estados Unidos.
Na visão de Isabella Wanderley, general manager da Nova Nordisk no Brasil, ainda há um espaço enorme para destravar no mercado, que deve gerar ainda mais valor para a companhia, que já ultrapassa os U$ 600 bilhões em valor de mercado.
Ao mesmo tempo, a Eli Lilly anunciou, na segunda-feira, 8 de julho, que fechou um acordo para adquirir a Morphic Holding, desenvolvedora de um medicamento promissor para doenças inflamatórias intestinais, por cerca US$ 3,2 bilhões.
Além disso, na última semana, o tratamento para Alzheimer da Eli Lilly foi aprovado pelo FDA como o segundo medicamento para retardar a progressão dessa doença que atinge 6 milhões de americanos.
Ações reagem
Após o anúncio da Pfizer, as ações da companhia reagiram de forma positiva na Bolsa de Nova York, subindo pouco mais de 1% ao longo das negociações do dia. O valor de mercado da companhia é de US$ 162,4 bilhões.
Porém, os papéis de outras companhias podem ser prejudicados pela febre dos remédios de emagrecimento e pela onda “fitness” vista no Brasil e no mundo.
De acordo com o levantamento realizado pela Ace Capital, companhias como Ambev e Pão de Açúcar estão entre as maiores prejudicadas. No cenário externo, Pepsi e McDonald's passam pelo mesmo problema, que não parece ser apenas parte da moda.