Em meio aos esforços para ir além de meias, cuecas e moda íntima, a Lupo está dando os primeiros passos no mercado de calçados.

O grupo têxtil de Araraquara, no interior de São Paulo, lança seu primeiro modelo de tênis, avaliando que este mercado, que em 2026 alcançará R$ 51 bilhões, pode ser um importante motor de crescimento para os próximos anos.

“Quando você compara o mercado de cuecas com o de tênis, ele chega a ser insignificante, assim como o de meias”, diz Carlos Mazzeo, diretor superintendente da Lupo, ao NeoFeed. “Já o mercado de tênis, dentro do setor de roupas, é muito maior.”

O primeiro lançamento é um tênis casual chamado Origem. A companhia começou a estudar o tema há cerca de quatro anos, quando surgiram os primeiros tênis de malha tecida (knit), calçados com cabedal feito de tecido leve, flexível e respirável, criado por fios entrelaçados que formam uma estrutura semelhante a uma rede.

“Entendemos que esse tênis se conecta aos três atributos da Lupo: conforto, tecnologia têxtil e presença no dia a dia das pessoas”, afirma Rogério Guimarães, diretor de franquias da Lupo. “O casual tem grande aderência. Nascemos no mercado de meias e o sistema construtivo é parecido com sua fabricação.”

A empresa até tentou internalizar a produção do tênis diante dessa semelhança, mas diante de resultados pouco satisfatórios, decidiu terceirizar, dividindo o desenvolvimento dos materiais e a fabricação com quatro fornecedores, não revelados.

O primeiro protótipo, voltado para homens e mulheres, foi criado em 2024 e testado por funcionários e lojistas. Com os primeiros feedbacks, a Lupo entende que chegou o momento de ir ao mercado, mas de forma escalonada.

Neste início, o Origem será disponibilizado em 100 lojas selecionadas da marca em todos os estados do Brasil, de uma base total de 756 unidades.

A ideia é avançar gradualmente neste segmento, levando o produto para outros canais de venda, especialmente o multimarcas – a Lupo conta com mais de 34 mil pontos de venda no País, responsáveis por 59% da receita até setembro.

“Estamos fazendo um teste, uma entrada cuidadosa, pela reputação da marca. Não queremos colocar um produto ruim no mercado”, diz Mazzeo. “É uma jornada, estamos dando os primeiros passos e avaliando a aceitação do consumidor.”

Essa cautela faz com que os executivos se mostrem reticentes em projetar quanto essa linha de produtos trará de receita num primeiro momento para a unidade Lupo, que no acumulado de nove meses apresentou um faturamento de R$ 711,1 milhões, estabilidade frente ao mesmo período de 2024.

A meta é ganhar espaço no guarda-roupa dos clientes, como parte dos esforços de diversificação, que resultaram em um portfólio de 13 mil SKUs, sendo 6,5 mil apenas na bandeira Lupo. “Nossa ideia é que, ao comprar uma meia, o cliente também adquira um calçado”, diz Guimarães.

Se tudo ocorrer bem, a expectativa é expandir o portfólio de calçados, podendo incluir modelos esportivos, já que a intenção inicial era produzir tênis para a Lupo Sport, marca esportiva da empresa.

“O que vai nortear nossos próximos passos é a percepção dos clientes. É um planejamento de longo prazo, uma maratona e não uma corrida de 100 metros”, afirma Guimarães. “Para nós, essas extensões de categorias são jornadas naturais.”