No começo de junho, o governo do Arizona determinou que não havia água subterrânea suficiente para todas as construções habitacionais aprovadas na cidade de Phoenix. Com isso, foi decidido interromper qualquer nova construção na área até que novas medidas de conservação de água fossem adotadas. Esse é mais um episódio da crise hídrica que a região sudoeste dos Estados Unidos enfrenta há alguns anos.

Há diferentes culpados por esse problema, que vão desde quem faz mau uso do recurso hídrico até os efeitos causados pelo aquecimento global nas últimas décadas. A lista de culpados, no entanto, ficou maior nos últimos anos e passou a incluir também gigantes de tecnologia como Google, Microsoft, Apple e Meta que encontraram no estado um lar para seus data centers.

Dados do Google apontam que, em 2021, os data centers da empresa consumiram 4,34 bilhões de galões de água. Como cada galão é o equivalente a 3,8 litros, isso é o mesmo que 16,4 bilhões de litros. A Meta, por sua vez, consumiu 5 bilhões de litros no mesmo período. Para efeito de comparação, um residente do Arizona usa cerca de 201 mil litros de água por ano, segundo o Business Insider.

A água utilizada por essas companhias serve para resfriar os equipamentos que são utilizados para processar todos os dados capturados por essas companhias. Todos os vídeos do YouTube, as reuniões por vídeo-chamadas, as fotos publicadas em redes sociais como Facebook e Instagram são processadas por esses equipamentos.

A situação tende a piorar. Em 2019, o Google obteve aprovação para a construção de uma nova planta operacional para seu data center. A expectativa é de que a instalação custe US$ 1 bilhão e seja finalizada até 2029.

A Meta também estava planejando a construção de um datacenter na região. Em fevereiro, contudo, o Phoenix Business Journal reportou que a companhia de Mark Zuckerberg vendeu o terreno de 396 hectares, comprado em 2021 por US$ 800 milhões, para a empresa EdgeCore Internet Real Estate por US$ 1,2 milhão. O problema é que a EdgeCore também pretende construir um data center na região.

Dois pontos atraem companhias para a construção de estruturas deste tipo na região. O primeiro é estratégico e geográfico. Colocar data centers fisicamente perto dos usuários facilita o transporte dos dados, o que deixa os produtos e serviços mais ágeis. O segundo ponto está relacionado ao lado financeiro. O acordo do Google para a construção na região, por exemplo, inclui isenção fiscal por conta dos empregos gerados com a obra.

A solução para o problema

Enquanto as gigantes da tecnologia estão sedentas por água, novas startups na região tentam resolver o problema da falta dela. Uma delas é Source Global. Fundada em 2014, a companhia é uma das primeiras startups do mundo a apostar em sistemas para captação de água atmosférica. Desde então, já recebeu mais de US$ 364 milhões em investimentos.

Neste meio tempo, as big techs vão tentando encontrar novas formas de resfriamento para seus equipamentos de processamento de dados, as big techs estão trabalhando em alternativas.

A Microsoft, por exemplo, informou ainda em 2021 que seus data centers no Arizona iriam trocar a água pelo ar para o resfriamento. Para isso funcionar, no entanto, é preciso que a temperatura externa esteja abaixo de 30°C. Na terça-feira, 4 de julho, a máxima era de 44°C.