Em relatório publicado nesta segunda-feira, 15 de janeiro, o Itaú BBA propõe ao leitor que pense nas ações high beta mais líquidas no mercado de capitais brasileiro, em uma referência aos papéis com volatilidade mais acentuada, seja para cima ou para baixo, em relação ao seu índice de referência.

Logo depois, o banco pede que se questione quantos desses nomes oferecem um impulso operacional “indiscutivelmente positivo, ventos favoráveis ao setor e um valuation decente”. Para, na sequência, trazer qual é o seu veredito.

“Conversando com investidores, temos a sensação de que são poucos e que a Cyrela pode ser a melhor entre eles”, escreve o time de analistas formado por Daniel Gasparete, André Dibe, Mariangela Castro e Alejando Fuchs.

Ao nomear a Cyrela como “o melhor beta no mercado de capitais’’ e reiterar a recomendação outperform (acima da média do mercado) para o papel, o quarteto elevou o preço-alvo da ação, de R$ 32 para R$ 33, o que traduz um upside de 44,3% sobre a cotação do papel no fechamento do pregão da última sexta-feira, 12 de janeiro.

A percepção apurada pelo Itaú BBA é de que boa parte dos ativos com esse status incluídos nas listas de preferências dos investidores contam com riscos e ventos contrários externos, sejam eles macro ou micro. E que o mesmo não se aplica no caso da Cyrela.

Como parte dessa visão, os analistas destacam o desempenho operacional bem acima das expectativas reportado pela incorporadora em 2023, com crescimentos de 13% e de 8%, respectivamente, em vendas e lançamentos.

Em outro pilar que sustenta essa perspectiva, o banco observa que enxerga apenas ventos favoráveis para as construtoras voltadas à média renda em 2024, a partir de indicadores como os baixos níveis de estoques na cidade de São Paulo – o menor desde o início de 2021 -, e a inflação sob controle.

Diante dessa expectativa mais otimista no que diz respeito ao cenário macro, o time do Itaú BBA observa que a Cyrela está com o “coelho na cartola”, dado que o grupo poderá tirar partido de um mercado mais animado e aquecido para vender participações em alguns de seus ativos.

Essa possibilidade no escopo da incorporadora inclui tanto negócios listados, como as fatias detidas na Cury, na Plano&Plano e na Lavvi, como operações de capital fechado. Entre elas, a Vivaz, que atua no segmento de baixa renda, e a CashMe, fintech fruto de um spin-off da Cyrela.

“Calculamos que a Cyrela poderia desbloquear até 5% do seu valor der mercado e melhorar seu ROE em 100 base points em 2024, para 15,6%, apenas por meio da venda de participações em suas subsidiárias listadas”, destaca outro trecho do relatório.

Em mais um componente desse pacote positivo em relação à companhia, os analistas ressaltam que enxergam riscos limitados de um downside na cotação do papel da Cyrela e acrescentam que o momento traz um ponto de entrada interessante para as ações.

Por volta das 14h45, os papéis da Cyrela registravam ligeira alta de 0,09% na B3, cotados em R$ 22,88. Em 2024, as ações registram queda de pouco mais de 5%, mas, nos últimos 12 meses, a valorização acumulada está em 75,5%. A empresa está avaliada em R$ 8,5 bilhões.