De olho em uma parcela responsável por R$ 21 bilhões em gastos com imóveis de alto padrão e carros de luxo entre 2022 e 2024, segundo estudo da Bain & Company, a Porto Seguro, divisão da área de seguros do grupo Porto, resolveu elevar a prateleira dos serviços e criou a categoria private em seu portfólio de itens segurados, com benefícios para a altíssima renda.

Entre os modelos inéditos que a companhia passa a oferecer está a cobertura para carros esportivos, como os das marcas Porsche, Ferrari, Lamborghini, entre outros, que participam dos chamados track day, que são eventos realizados em circuitos de automobilismo para donos desses modelos que gostam de pisar a mais de 200 quilômetros por hora.

“Temos serviços que atendem todos os bolsos, com uma gama bem robusta de produtos de entrada. Mas passamos a estudar como seria possível evoluir na nossa categoria premium, que é um segmento relevante da economia brasileira”, diz Patrícia Chacon, COO da Porto Seguro, em entrevista ao NeoFeed.

No private, a companhia passará a segurar automóveis com valor acima de R$ 1,2 milhão, faixa em que está boa parte desses modelos de carros. No limite anterior, que era a categoria premium, o teto segurado era para veículos de até R$ 300 mil.

“Já cobríamos esses veículos para circulação nas ruas, mas muitos clientes entendiam que faltava o seguro para o uso nas pistas”, diz a COO. Com o novo serviço, o limite máximo de indenização para os donos nas pistas chega a R$ 300 mil.

Para a empresa, no entanto, tão importante quanto oferecer um seguro que repare possíveis danos, é evitar que o segurado sofra um acidente com esses carros de luxo. Por isso, a companhia tem, desde 2021, parceria com a empresa 2Drive, que realiza 18 track days ao ano, nos autódromos de Interlagos, na zona sul de São Paulo, e Velocitta, em Mogi das Cruzes (SP).

Na prática, esses eventos servem como clínicas de direção segura. A ideia é fazer com que esses pilotos amadores ultrarricos pisem para valer no freio somente nesses ambientes controlados e seguros e evitar contratempos recentes, que viraram casos de polícia, de acidentes com Porsches em vias públicas.

Desde a parceria com a Porto Seguro, a 2Drive já realizou mais de 100 eventos em forma de clínicas de pilotagem. “O lugar para acelerar é na pista, mas com regras. Na rua, ele precisa seguir as leis de trânsito. E a gente ajuda esse piloto a ter essa consciência”, diz o ex-piloto Rodrigo Hanashiro, fundador da 2Drive.

Recentemente, a Porto realizou o seguro para o primeiro carro do piloto brasileiro de Fórmula 1 Gabriel Bortoleto, de 20 anos, atualmente na equipe Sauber (que a partir do ano que vem passa a se chamar Audi). A empresa patrocina Bortoleto desde 2023.

No seguro residencial, o patamar também mudou. Para a ultra-renda, a empresa passou a cobrir imóveis acima de R$ 10 milhões. No premium, a régua começa em R$ 2 milhões. E, para clientes private, há cobertura de até R$ 700 mil em joias e relógios.

Para a nova categoria, a empresa passará a oferecer serviço de concierge, para dar informações sobre o prazo de reparo do veículo, por exemplo, ou qual é o prazo de chegada de peças importadas.

Obras de arte e bolsas

Não são apenas com veículos e imóveis que o público de alta renda tem aumentado o volume de investimento. No ano passado, o total gasto por esse recorte da sociedade somente com obras de arte ultrapassou R$ 4 bilhões. E, para atender a essa fatia, a companhia aumentou a régua de cobertura. Antes, era de até R$ 300 mil. Agora, cobre objetos que valem até R$ 1 milhão.

A companhia também passou a incluir essas peças que ficam expostas em casas de veraneio dos segurados. Entre os novos itens segurados, estão instrumentos musicais e bolsas de grife, que não faziam parte do portfólio de cobertura da Porto Seguro. No caso do acessório feminino, o limite garantido pela Porto Seguro chega a R$ 700 mil.

Isso contemplaria, por exemplo, uma bolsa Birkin, da francesa Hermès, ou modelos cobiçados da francesa Prada e da italiana Fendi. E essa cobertura, nos casos de bolsas e de instrumentos, vale tanto para o território nacional quanto para viagens ao exterior.

Com receita de R$ 5,4 bilhões no segundo trimestre, a divisão de seguros corresponde a mais da metade do faturamento da Porto, que alcançou R$ 10 bilhões. Em relação ao segundo trimestre de 2024, o volume de prêmio da frota segurada cresceu 3%, com acréscimo de 165 mil veículos.

No acumulado de 2025, as ações da Porto na B3 acumulam valorização de 38,3%. No cenário dos últimos 12 meses, a alta é de 39,5%. A companhia está avaliada em R$ 32,3 bilhões.