O ouro superou US$ 4 mil por onça troy pela primeira vez na história, marcando um divisor de águas para investidores globais. O movimento da terça-feira, 7 de outubro, reflete a busca intensificada por proteção em meio à inflação persistente, déficits fiscais crescentes e tensões geopolíticas que lembram os anos 1970.

O Goldman Sachs projeta que o metal chegue a US$ 4,9 mil até o fim de 2026, apoiado por política monetária expansionista nos Estados Unidos e estímulos fiscais contínuos. O Société Générale vai além: vê o ouro a US$ 4,6 mil ainda em 2025 se o Federal Reserve (Fed) adiar a queda da taxa de juros.

Entre os demais bancos, o Bank of America mantém posição overweight, citando taxas reais negativas e divergência entre o Fed e demais bancos centrais. O metal também serve como proteção contra inflação persistente e choques geopolíticos.

O J.P. Morgan tem adotado o ouro como proteção contra riscos sistêmicos em ações, enquanto UBS e Morgan Stanley apontam o metal como um hedge essencial contra desaceleração global e volatilidade nas bolsas de valores globais.

O ouro atua como uma oportunidade estratégica nas carteiras de investimento, reduzindo a correlação com ações em momentos de estresse e fortalecendo a diversificação de portfólios.

Esse é um dos fatores que têm empurrado ETFs lastreados em ouro a registrarem uma procura crescente. Michael Hsueh, do Deutsche Bank, estima que esse fluxo tenha influência 50% maior nos preços em 2025 do que em ciclos anteriores.

A corrida pelo ouro reúne bancos centrais, investidores institucionais e gestores de patrimônio. Os BCs, por exemplo, acumulam o metal para diversificar reservas e reduzir a dependência do dólar.

Nos últimos meses, Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, vem recomendando aos investidores elevar sua alocação em ouro acima do habitual para se proteger de volatilidade global e taxas reais negativas.

Para ele, o momento atual é semelhante ao cenário do início dos anos 1970, um período marcado por choques de oferta e inflação descontrolada - a inflação está ao redor de 3 % ou mais nas principais economias.

Apesar do cenário favorável, correções técnicas são esperadas, especialmente se bancos centrais acelerarem o aperto monetário. No entanto, os especialistas enxergam uma tendência estrutural de alta.

No ano, a valorização do ouro é superior a 50%. O ativo só fica atrás do Bitcoin em 2025, que supera os 100% de alta.