*Reportagem atualizada as 21h17 com novas informações

A disputa pela fatia da Novonor na Braskem continua quente. Depois do fundo americano de private equity Appolo e da estatal de petróleo de Abu Dhabi Adnoc fazerem proposta, e, em seguida, a Unipar dar o seu lance, a J&F, holding da família Batista, entrou forte no jogo.

A empresa ofereceu R$ 10 bilhões em dinheiro pela fatia da Novonor na Braskem, o que tiraria a família Odebrecht do negócio. A informação foi dada em primeira mão pelo site Pipeline. O NeoFeed apurou com os bancos que agora o negócio ficou embolado.

Um executivo de alta patente de um grande banco credor disse ao NeoFeed que, olhando de bate pronto, a proposta da J&F parece melhor por colocar R$ 10 bilhões na mesa para resolver o negócio. “A da Unipar é de R$ 5 bilhões em dinheiro, outros R$ 5 bilhões financiados e ainda tem a questão que eles colocam de não incluir a multa de Alagoas”, diz ele.

A multa a qual ele se refere é a que a Braskem terá de pagar ao estado de Alagoas por conta do afundamento do solo em um bairro da capital Maceió, devido a exploração de minério pela empresa. Estima-se que essa indenização possa chegar a R$ 2 bilhões. “Agora é preciso analisar todas as propostas com calma”, afirma essa fonte.

Uma outra fonte que teve acesso à proposta da J&F revelou ao NeoFeed que não é bem assim. Os termos da J&F não são tão suaves como se imagina. "Eles pedem exclusividade na proposta, due diligence na Braskem, na recuperação judicial e nos créditos e ela tem validade apenas até 31 de julho. E, de quebra, pede alteração possível de direitos e deveres", afirma essa fonte. No fim das contas, as exigências seriam maiores que as da Unipar.

Independentemente do que vem pela frente, a Unipar não vai entrar no leilão. “Não tem a mínima chance da proposta ser alterada”, diz um profissional a par das negociações. “A J&F oferece os mesmos R$ 10 bilhões que a Unipar e tira a Novonor do negócio”, diz esse mesmo profissional.

Agora, é necessário combinar com os bancos credores, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e BNDES, que detêm R$ 15 bilhões em dívida.

A estrutura societária da Braskem é dividida entre Novonor, com 38,3% do capital total, Petrobras, com 36,1% e acionistas minoritários com os 25,6% restantes. A proposta da Unipar prevê que os acionistas da Novonor permaneçam no negócio com uma fatia de cerca de 4%.