O brasileiro Roberto Gandolfo vai substituir o fundador Jitse Groen como CEO da Just Eat Takeaway (JET), uma das maiores empresas de delivery da Europa, com atuação em 16 países.
A empresa, de origem holandesa, atua no Reino Unido, Alemanha, Holanda, Espanha, Itália e Canadá. Esse império na Europa foi construído a partir de uma operação criada em 2000, “em um pequeno sótão em Enschede, na Holanda”, onde nasceu o Thuisbezorgd.nl, embrião do que viria a ser a Takeaway.com.
A história da companhia é uma mistura de crescimento orgânico e inorgânico, com a aquisição, em 2014, da alemã Lieferando e da fusão com a britânica Just Eat em 2020.
A JET reúne uma base de 60 milhões de consumidores e 362 mil parceiros. Em 2024, a companhia registrou 653 milhões de pedidos e movimentou € 19 bilhões em volume bruto de mercadorias (GMV).
No início deste ano, no entanto, a também holandesa Prosus, dona do iFood, assumiu o controle de mais de 90% das ações da JET por meio de uma oferta hostil de € 4,1 bilhões.
Gandolfo vinha atuando como presidente do marketplace do iFood. Mas, antes de se tornar executivo, cofundou a hellofood Brasil, empresa que competia pelo segmento de delivery no país e acabou sendo adquirida pela Just Eat em 2016, que, na época, era uma das maiores acionistas do iFood.
A partir da aquisição, as operações da hellofood foram incorporadas pelo iFood, com Gandolfo assumindo a presidência do marketplace da empresa. Nessa posição, Gandolfo está há uma década e, agora, terá a oportunidade de liderar a companhia, que é resultado da fusão entre a Just Eat e a Takeaway.com.
No iFood, Gandolfo ajudou a plataforma a superar os números da própria JET, alcançando 50 milhões de clientes por ano, além de 400 mil restaurantes parceiros e 400 mil entregadores.
Brasil no topo
O crescimento acelerado do iFood também elevou a projeção de seus executivos dentro da Prosus. Em 2024, Fabricio Bloisi — que liderava a plataforma brasileira desde 2019 — assumiu o comando global da holding, movimento que agora se repete com a escolha de Roberto Gandolfo para liderar a JET.
Avaliada em € 124,73 bilhões, a Prosus é uma das maiores holdings globais de tecnologia e investimentos, controlada pela sul-africana Naspers — também liderada por Fabricio Bloisi.
Com mais de 100 empresas no portfólio, a Prosus atua em quatro grandes áreas — delivery, edtech, fintech e classificados. Uma de suas posições históricas é na chinesa Tencent, investida ainda em 2001 e que hoje supera US$ 700 bilhões em valor de mercado.
Antes de ser adquirida pela Prosus, a JET vinha de uma desvalorização acumulada de mais de 80% em relação aos patamares de 2021.
No radar estavam ameaças como a perda de relevância em seus mercados mais fortes, diante da concorrência crescente de Deliveroo e Uber Eats, além da incapacidade de integrar e monetizar operações adquiridas — caso da Grubhub, vendida por menos de 10% do valor pago, cerca de três anos após a conclusão da compra.
Sob o comando da Prosus, cabe agora a Gandolfo provar que os brasileiros que saíram do iFood são melhores em gerir aquisições e colocar a empresa de volta à elite europeia.
