Em um momento que muitos compararam a demissão de Steve Jobs (1955-2011), da Apple, em 1985, o visionário Sam Altman movimentou muitas cifras desde que o board da OpenAI, a organização por trás do ChatGPT, surpreendentemente o tirou do comando.

E, dada a repercussão que sua demissão causou, cabe à pergunta: quanto vale Sam Altman, o homem que está por trás de frenesi da inteligência artificial?

Na sexta-feira, 17 de novembro, quando sua demissão foi anunciada, as ações da Microsoft, que investiu US$ 13 bilhões da empresa, começaram a cair de forma acelerada. No fim do dia, a companhia liderada pelo indiano Satya Nadella perdeu US$ 49 bilhões.

Nesta segunda-feira, 20 de novembro, quando a Microsoft anunciou que contrataria Altman para liderar as pesquisas de inteligência artificial, a companhia se recuperou do tombo.

As ações chegaram a ser cotadas a US$ 376 na Nasdaq, o maior patamar da história da companhia fundada por Bill Gates. E, ao longo do dia, intensificaram a alta, subindo 2,05%, fechando a US$ 377, 44, um recorde. Agora, a companhia vale US$ 2,8 trilhões.

A contratação de Altman, na avaliação dos analistas, foi uma estratégia de contenção de danos da Microsoft, que foi pega de surpresa pela sua demissão, o que, aparentemente, deu resultado.

“A Microsoft interveio para garantir que Altman não fosse para uma gigante tecnológica concorrente, e Altman agora pode supervisionar sua antiga empresa em Redmond”, escreveu o analista Dan Ives, da Wedbush.

Mas esses não são os únicos números que mostram o impacto da demissão de Altman. A OpenAI planeja uma abertura de capital que, segundo a mídia americana, poderia avaliar a desenvolvedora do ChatGPT entre US$ 80 bilhões e US$ 90 bilhões.

Agora, sem Altman à frente da OpenAI, muitos consideram difícil ou até mesmo improvável que o IPO siga adiante. A abertura de capital, em si, já seria complicada diante da intrincada estrutura da OpenAI, que tem um modelo híbrido de uma organização sem fins lucrativos e de uma empresa privada.

Altman foi demitido de forma surpreendente pelo “board” da OpenAI que, em nota pública, disse que a sua saída “segue um processo de revisão deliberativa por parte do conselho, que concluiu que ele não foi consistentemente sincero nas suas comunicações com o conselho, dificultando a sua capacidade de exercer as suas responsabilidades”.

Mais de 500 funcionários dos 770 da OpenAI divulgaram também uma carta ao conselho ameaçando deixar a organização se Altman não retornar. Eles pedem também a renúncia do board.

“Suas ações tornaram óbvio que vocês são incapazes de supervisionar a OpenAI”, escreveram os funcionários. “Não podemos trabalhar para ou com pessoas que carecem de competência, julgamento e cuidado com nossa missão e funcionários.”

Ao que tudo indica, a novela envolvendo Altman pode ter outros desdobramentos ao longo desta semana.

Quando Steve Jobs foi demitido pela Apple foram necessários 12 anos para que ele retornasse à empresa que fundou, que estava à beira da falência, e a levasse, até sua morte, a se tornar a empresa mais valiosa do planeta.

Na época da geração TikTok, não seria surpresa se Altman voltasse à OpenAI na velocidade de uma dancinha de 15 segundos.