Em meio aos indícios de que o mercado de capitais deve superar a marca histórica de R$ 1 trilhão em emissões em 2026, a RB Investimentos está se estruturando para ampliar sua participação no segmento em que atua com maior expertise.

A empresa, resultado da cisão da RB Capital, iniciou operações de sua própria asset, focada inicialmente em FIDCs. O braço de gestão é visto como a “peça que faltava” para complementar e expandir sua capacidade de securitização.

“A ideia de ter uma asset é natural, pois sempre foi o DNA da RB Investimentos atuar com crédito estruturado no mercado de capitais”, afirma Adalbero Cavalcanti, CEO da RB Investimentos, ao NeoFeed.

“Com a asset, vamos entrar no segmento de FIDCs junto a empresas com excelente histórico de crédito e que precisam diversificar suas fontes de financiamento", complementa.

Batizada de RB Investimentos Gestão de Recursos, a gestora iniciou suas atividades no fim de 2024 com um pequeno fundo de renda fixa de liquidez diária, voltado a clientes internos. Para liderar a unidade, a RB trouxe Rafael Sabadell, ex-J Safra Asset Management, e alocou Maurício Kubota, do time de produtos estruturados.

A operação principal começou recentemente, com a oferta do primeiro FIDC, cujos detalhes não foram divulgados por questões regulatórias. A expectativa é realizar outra emissão ainda neste ano e mais cinco ou seis em 2026, encerrando o período com quase R$ 2 bilhões sob gestão em FIDCs, captando junto a investidores profissionais.

Além dos FIDCs, a RB planeja atuar futuramente no segmento imobiliário, com fundos de desenvolvimento, crédito e renda. “Não vamos fazer ações ou multimercados”, diz Cavalcanti.

A escolha pelos FIDCs foi motivada pela regulação mais favorável, enquanto CRIs e CRAs tiveram suas regras apertadas – focada em operações de mercado de capitais, a companhia possui R$ 2,5 bilhões sob custódia e registra R$ 25 bilhões em volume de operações estruturadas.

Em maio, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou novas restrições às emissões, vedando como lastro dívidas de empresas cujo setor principal não seja imobiliário ou agronegócio, independentemente de serem companhias abertas ou não.

Os FIDCs, por sua vez, ganharam força com mudanças promovidas em 2022 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que ampliaram o acesso de investidores qualificados e de varejo a estruturas antes restritas ao capital institucional.

A flexibilização permitiu a criação de produtos mais sofisticados e customizados, abrangendo desde crédito corporativo tradicional até nichos específicos, como financiamento de eletrônicos, crédito automotivo e agronegócio.

O resultado foi um crescimento expressivo: de 2018 até outubro de 2025, as emissões subiram de R$ 16 bilhões para R$ 61,1 bilhões, tendência que deve continuar e ser um dos motores para o mercado de capitais atingir R$ 1 trilhão em 2026, segundo projeção da RB Investimentos.

“A legislação de FIDC ficou muito favorável à securitização ampla, permitindo usar o fundo para praticamente todos os recebíveis, principalmente os pulverizados”, diz Cavalcanti. “Precisávamos de uma asset, pois entendemos que a securitização tem grande potencial via gestão de recursos.”

A criação da asset marca o primeiro capítulo da RB Investimentos, surgida em 2024 após a cisão da RB Capital, que por sua vez nasceu em 2008 de um spin-off da então Rio Bravo Investimentos. A saída do grupo japonês Orix da base acionária levou à criação da RB Investimentos e da RB Asset.

Com os FIDCs em ascensão, atraindo inclusive casas que não atuavam com crédito estruturado, como a Neo Investimentos, a RB acredita que sua experiência acumulada a posiciona como player com forte potencial de crescimento, uma vez que, mesmo sendo objeto de desejo, entrar em FIDCs não é uma tarefa simples, dada a complexidade da operação.