O Real Madrid, clube de futebol espanhol avaliado em € 1,3 bilhão pelo Transfermarkt, está desenhando uma reestruturação corporativa que transformaria o clube em um ativo e entregaria a sua propriedade aos seus 100 mil sócios, abrindo as portas para investidores externos.

A proposta, levantada pelo presidente do time, Florentino Pérez, na assembleia geral do Real Madrid realizada no domingo, 24 de novembro, faria com que os sócios se tornassem “os verdadeiros proprietários do clube”. “Temos 100 mil sócios e podemos distribuir um ativo que acredito valer mais de € 10 bilhões”, afirmou Pérez.

Atualmente, o Real Madrid é um clube sem fins lucrativos, que conta com receitas provenientes de centenas de torcedores que pagam mensalidades. Além disso, o clube também detém vendas de patrocínios, dos ingressos dos jogos e renda proveniente de seu estádio próprio, o Santiago Bernabéu.

O sistema utilizado pelo clube impede que investidores privados adquiram participações em suas operações, já que os sócios não são acionistas. Apesar de ser um modelo incomum para os clubes de futebol - que costumam contar com donos, como é o caso do Paris Saint-Germain -, o Barcelona, maior rival do Real Madrid, também não tem fins lucrativos.

Pérez, empresário bilionário do setor de construção, está em sua segunda passagem pela liderança do clube espanhol, no qual já totaliza 19 anos de mandato. Por lá, o executivo já tentou implementar diversas mudanças estruturais e foi um dos idealizadores da tentativa fracassada, em 2021, de criar um novo torneio fora do controle da UEFA, o órgão que faz a gestão do futebol na Europa.

Apesar de grande parte das equipes ter desistido do projeto após protestos feitos pelos torcedores, Pérez continua a defender a ideia, afirmando que é necessário melhorar a forma como as receitas são geradas e distribuídas entre os clubes. É pensando nessa vertente que a ideia da mudança do modelo de propriedade do Real Madrid surge.

O presidente, que é eleito pelos sócios do clube, não possui participação acionária no Real Madrid, o que significa que ele não investe seu próprio dinheiro no clube, estando isento de arcar com as despesas do Real Madrid.

Atualmente, Real Madrid, Barcelona, Athletic Club de Bilbao e Osasuna são os únicos clubes da primeira divisão espanhola que seguem o modelo de mensalidades. Em 2021, esses clubes foram contra um acordo da liga para vender os direitos de transmissão à firma de private equity CVC Partners por 50 anos, justamente por seu modelo de negócio.

No Brasil, o futebol também está seguindo uma vertente mais corporativa, na qual os clubes têm se transformado em Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs). Apesar do modelo ser distinto do visto na Europa, é possível perceber uma procura por capital do esporte em todo o mundo.