Rede de cash & carry, o chamado atacarejo, o Assaí ocupa a segunda posição entre as empresas de varejo alimentar no mercado brasileiro em termos de faturamento, atrás apenas da operação local do grupo francês Carrefour. Em outra prateleira, porém, a companhia acaba de assumir o topo da lista.

Em relatório enviado a clientes, o Santander passou a classificar o Assaí como sua principal escolha nesse espaço. E, nesse pacote, introduziu o preço-alvo de R$ 14 para o papel em 2026, contra o patamar anterior de 2025, de R$ 10,10, e reiterou a recomendação de compra para a ação.

O banco atribuiu essas atualizações à melhora de rentabilidade da operação, na esteira dos resultados do segundo trimestre de 2025, e ressaltou que a rede está bem-posicionada para se beneficiar dos cortes esperados na taxa básica de juros.

“Em nossa visão, o Assaí é um veículo atraente para se beneficiar de uma redução na taxa de juros”, escrevem os analistas Rubem Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, reforçando que cada redução de 50 pontos-base no custo médio ponderado de capital adiciona cerca de R$ 0,90 ao preço-alvo do banco.

Como parte dessa visão mais favorável, o trio observou que o balanço do segundo trimestre foi marcado por melhorias na lucratividade, com indicadores como uma margem Ebitda de 5,6% no fim do período, alta de aproximadamente 30 pontos-base sobre o mesmo intervalo de 2024.

Embora façam a ressalva de que os ganhos de margem bruta foram pontuais, os analistas destacam uma “clara” tendência positiva, a partir da contribuição crescente de lojas convertidas e pelo avanço da oferta de serviços nas unidades da rede, como açougues e padarias.

Nessa linha, o banco pontua que cerca de 30% das lojas têm menos de três anos e ressalta que, para o período 2025-2026, a expectativa é de que essas unidades sigam trazendo novas melhorias nesses indicadores.

“Em particular, o grupo de 2022 de lojas Hiper convertidas já está relatando lucratividade maior do que a operação geral e esperamos uma dinâmica semelhante no grupo de 2023”, aponta outro trecho do relatório.

No detalhe, as 47 lojas convertidas em 2022 registraram uma margem Ebitda de 6,1% no segundo trimestre, contra 5,7% do negócio como um todo. Já as 17 unidades convertidas em 2023 registraram um crescimento no faturamento de 9% no período, contra 6,3% no geral.

Esse otimismo em relação à expansão das margens é embalado por outros itens a serem explorados. Entre eles, a percepção de que o Assaí parece agora mais focado no crescimento de suas marcas próprias, visando um sortimento mais amplo.

Outra frente envolve a estratégia de capturar mais participação de mercado por meio de categorias in-and-out, que incluem produtos não-alimentares, de baixa sazonalidade e que não integram o sortimento fixo das lojas, dentro de uma abordagem de compra por oportunidade.

Em função da lucratividade acima das expectativas no primeiro semestre, o relatório também traz uma revisão, para cima, na estimativa do lucro líquido da rede de atacarejo para 2025, com alta de 5,2%. O que, segundo o banco, mais do que compensa o crescimento mais fraco da receita líquida.

Nesse ponto, o Santander observa que, nos últimos trimestres, o ambiente de consumo pressionado se refletiu em um baixo crescimento do volume de vendas do Assaí, além de uma expansão do tíquete médio abaixo da inflação dos alimentos.

Em um contexto ainda de expansão mais lenta, em função da taxa de juros elevada, o banco reduziu as estimativas de receita da rede para o período de 2025 a 2027 em uma média de 3,5%, com a maior variação impulsionada pela revisão para baixo, de 6,5% para 4%, das vendas mesmas lojas em 2025.

As ações do Assaí estavam sendo negociadas com alta de 1,41% por volta das 12h, cotadas a R$ 10,08. No acumulado de 2025, os papéis têm valorização de 79%. A companhia está avaliada em R$ 13,5 bilhões.