Nos últimos meses, as ações da Intelbras vêm acumulando queda na Bolsa diante das preocupações com o segmento de painéis solares.

Apesar de a receita do segmento ter crescido 118,5% no quarto trimestre, em relação ao mesmo período de 2021, para R$ 475,2 milhões, as expectativas para o primeiro semestre são de uma demanda mais baixa.

Um dos principais fatores são os efeitos da regulação da lei, por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para reduzir gradualmente os subsídios ao setor.

A situação, porém, não preocupa o Santander. Mesmo que os analistas Felipe Cheng e Cesar Davanco tenham reduzido o preço-alvo das ações da Intelbras de R$ 40 para R$ 34, para incorporar um cenário de crescimento mais conservador, eles avaliam que a demanda deve voltar a acelerar nos próximos meses.

“Continuamos projetando que a companhia vai reportar crescimento no segmento, em base anual, no primeiro trimestre e mantemos nossa expectativa de um aumento nominal de cerca de 20%, em termos orgânicos, para 2023”, diz trecho do relatório.

A expectativa dos analistas é que a Intelbras e as companhias do segmento consigam se adaptar ao novo momento, ajustando suas operações comerciais para seguirem comercializando painéis a projetos de energia solar.

Outro fator que deve colaborar vem pelo lado de custos. Segundo o Santander, o preço do silício policristalino, componente chave na produção de painéis solares, segue com seu preço caindo no mercado, o que deve ajudar a melhorar as taxas de retornos de projetos de energia solar.

Para os analistas do Santander, embora a demanda por painéis solares esteja baixa neste começo do ano, a situação está mais do que precificada no atual patamar em que as ações negociam.

Segundo eles, os papéis da Intelbras negociam a um P/L de 14 vezes, um múltiplo atrativo considerando a expectativa de que o lucro líquido apresentará uma taxa de crescimento anual composto (CAGR, na sigla em inglês) de 22% em três anos. Por isso, a recomendação do Santander para as ações permanece sendo de compra.

Para 2023, a expectativa dos analistas é de que a Intelbras registre um lucro líquido de R$ 612 milhões, alta de 27,7% em relação ao realizado em 2022, de R$ 479 milhões. A receita líquida esperada deve subir de R$ 4,2 bilhões para R$ 5,2 bilhões, aumento de 24,5%, enquanto o Ebitda deve ir de R$ 533 milhões a R$ 686 milhões, avanço de 28,7%.

“Nós acreditamos que a companhia deve colocar em marcha novas iniciativas de crescimento já em 2023, o que representa um risco positivo para as nossas estimativas, como a venda de equipamentos para o 5G e carregadores para carros elétricos”, diz trecho do relatório.

Por volta das 12h08, as ações da Intelbras caíam 2,24%, a R$ 26,18. Desde janeiro, os papéis acumulam baixa de 9%, levando o valor de mercado da companhia para R$ 8,6 bilhões.