Em meio à longa seca de liquidez que atinge o mercado de startups, até mesmo a gigante asiática Shein está enfrentando dificuldades para levantar novos recursos com investidores.

Negociando desde o começo do ano um aporte de até US$ 3 bilhões em suas operações, a varejista fechou a mais recente rodada levantando em torno de US$ 2 bilhões, segundo informações do jornal The Wall Street Journal (WSJ), citando fontes próximas à companhia.

Fechada há uma semana, a operação avaliou a companhia em cerca de US$ 66 bilhões, quase um terço a menos do que há um ano, quando seu valuation era de US$ 100 bilhões, acima do valor de mercado da H&M e da Inditex, dona da Zara, combinadas.

A mais recente rodada foi coliderada por Sequoia Capital e General Atlantic, que já tinham investido em rodadas anteriores, e o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi. Segundo as fontes ouvidas pelo WSJ, os investidores receberam mais ações da empresa para manter o tamanho de suas participações.

A reportagem também revelou alguns números sobre a empresa, que possui capital fechado. A Shein fechou o ano passado com uma receita de US$ 23 bilhões, se aproximando de H&M e Inditex. E, de acordo com essas mesmas pessoas, a companhia estabeleceu como meta expandir a receita em 40% em 2023.

Assim como outras empresas, a Shein vem sentindo os efeitos da retração dos fundos de capital de risco, que em meio à alta de juros global estão fechando as torneiras e exigindo de suas investidas corte de custos, demissões e preservação de caixa.

Mas ela também enfrenta suas próprias questões. A companhia é mais uma a ficar no meio do fogo cruzado entre Pequim e Washington, com congressistas dos Estados Unidos fazendo duros questionamentos a respeito de suas práticas trabalhistas e ambientais.

A companhia também enfrenta duras críticas no Brasil, com grandes nomes do varejo local criticando suas práticas concorrenciais. A situação inclusive levou o governo federal a endurecer a fiscalização em cima da Shein e de outras plataformas cross-border como AliExpress. Atualmente, remessas internacionais abaixo de US$ 50, cerca de R$ 246,50, são isentas para vender produtos no Brasil.

Em meio a este cenário, a Shein formalizou, em abril, um compromisso para produzir no Brasil, um investimento de R$ 750 milhões em três anos. Mas a varejista já vinha, desde o ano passado, preparando seu desembarque no País, se encontrando com alguns dos principais fornecedores de roupas do varejo de moda brasileiro, conforme revelou o NeoFeed.