Fundada em 1999, a Superbid evoluiu de uma oferta de leilões online para intermediar um escopo mais amplo de transações B2B. Passando por concorrências e negociações privadas, envolvendo diversas categorias de bens e itens únicos - de tratores e automóveis a máquinas, imóveis e até mesmo estoques.

Como parte desse reposicionamento e com base nas regras e homologações necessárias para ter acesso à sua plataforma, a empresa acrescentou, em 2022, o termo Exchange ao seu nome de batismo. E, agora, está indo às compras para dar sequência a essa estratégia de diversificação.

Em informação antecipada com exclusividade ao NeoFeed, a empresa brasileira bateu o martelo e anuncia a aquisição da Canal do Campo, startup mineira dona de uma plataforma de transações focada na cadeia da pecuária. A companhia não revelou os termos financeiros do acordo.

“O segmento de pecuária tem um potencial gigante”, diz Pedro Donati, vice-presidente da Superbid Exchange, ao NeoFeed. “Estamos falando de mais de um quarto do PIB brasileiro, de um rebanho de mais de 200 milhões de cabeças e de um mercado endereçável de, pelo menos, R$ 5 bilhões anuais.”

Com a aquisição, a Superbid reforça sua atuação junto ao agronegócio, onde já viabiliza a venda de implementos e de maquinários. Os sócios da Canal do Campo seguem na operação, incluindo o fundador, Leonardo Mio, que irá liderar justamente esse braço rural da companhia.

Ativo que marca a entrada nesse novo campo do agro, a Canal do Campo foi fundada em 2015, em Uberaba, cidade do Triângulo Mineiro também conhecida como a “capital do Zebu”. A empresa desenvolve soluções digitais para auxiliar a compra e venda de gado.

Esse portfólio inclui, por exemplo, uma ferramenta batizada de “Pega Lance”, que permite aos leiloeiros do segmento organizarem pregões e controlarem todos os trâmites envolvidos nesse processo, da publicação das ofertas ao cadastro e à formalização dos contratos.

Desde a sua criação, a empresa já realizou mais de 700 eventos que, somados, captaram mais de 570 mil lances. Esse volume de negócios não foi, porém, o fator preponderante para que a Superbid Exchange decidisse fazer um lance definitivo para arrematar a operação.

Pedro Donati (à esq.), vice-presidente, e Rodrigo Santoro, fundador e CEO da Superbid Exchange

“Um dos principais pontos foi ver que eles tiveram tempo de acertar, errar e aprender como esse segmento funciona”, diz Donati. Para ele, mais do que os indicadores, a startup já construiu e validou um portfólio de produtos ajustado às demandas dessa cadeia, o que cria um atalho para a Superbid.

“Entendemos que era melhor aproveitar esse conhecimento do que fazer um greenfield no segmento”, explica. “A partir disso, existem muitas sinergias com os compradores de maquinário agrícola que já temos na nossa base e, claramente, teremos um efeito de rede ao conectá-los na nossa plataforma.”

Além da possibilidade de turbinar as transações da startup e de explorar as vendas cruzadas entre as bases das duas operações, o executivo destaca que o mercado de ferramentas digitais para o segmento de agropecuária é muito fragmentado e ainda não conta com um fornecedor dominante.

Ao ressaltar esse mercado ainda em aberto, Donati não revela qual a participação que o segmento rural pode alcançar na operação da Superbid Exchange com a incorporação da Canal do Campo. Hoje, essa fatia varia entre 7% e 8% do volume bruto de mercadorias (GMV) transacionado na plataforma.

A empresa fechou 2022 com um GMV de aproximadamente R$ 4 bilhões e um volume de mais de 10 mil vendedores cadastrados. Essa base, por sua vez, gerou mais de 4 mil transações - via leilões, negociações privadas e concorrências – e contabilizou mais de 150 mil ordens de venda.

Nesse modelo, a receita – não divulgada – é gerada pela cobrança de taxas por cada transação, pelas assinaturas de um terminal para operar na exchange e por ferramentas opcionais que ajudam, por exemplo, a precificar os bens, com base em dados da operação e em recursos como machine learning.

Novas aquisições?

Com o plano de crescer esse bolo e, ao mesmo tempo, dividi-lo em diversos segmentos, reduzindo os riscos de concentração, a empresa segue com uma estratégia ativa para fortalecer setores em que já atua ou abrir novas frentes em seu portfólio. O que pode incluir novas aquisições nessas duas vertentes.

“O que nos rege um pouco aqui é o cuidado de não abrir muitas iniciativas embrionárias em segmentos diferentes”, observa Donati, sem destacar os setores que estão mais nesse radar. “Então, agora, vamos pensar em M&As mais para engrossar operações existentes do que abrir novas frentes.”

Até então, o histórico de aquisições da Superbid inclui, além da Canal do Campo, a Sold Leilões, a Auto Arremate e a Nyx Web Services. Com essa tese mais ampla, a empresa também busca se diferenciar em um mercado mais centrado em plataformas dedicadas a nichos como carros ou automóveis, por meio de nomes como Mega Leilões, Zukerman e VIP Leilões.

A Superbid Exchange fechou 2022 com um GMV de aproximadamente R$ 4 bilhões 

Os planos não estão restritos, porém, aos M&As. Internamente, um dos focos é avançar na área de produtos e serviços financeiros, que já inclui ofertas como uma conta digital e cartões de crédito. Um dos próximos passos, já em testes, é a oferta de soluções de crédito via parceiros.

Após protocolar, em outubro de 2021, um prospecto preliminar para abrir capital e recuar, semanas depois, dessa intenção, a Superbid vem financiando esses passos com seu próprio caixa. E, controlada pela SB Participações, descarta, a princípio, a entrada de novos sócios ou a captação de recursos.

“Quando avaliamos o IPO, não era pelo fato de que não conseguiríamos fazer por conta própria, e sim, por termos visto uma oportunidade”, diz Donati. “Agora, eu não diria que outras alternativas estão fora do escopo, mas não é algo que estamos buscando ativamente.”