Maior produtora de celulose do mundo, a Suzano parte agora para ser a maior empresa de papéis higiênicos (tissue) do Brasil após concluir na quinta-feira, 1º de junho, a aquisição dos ativos da americana Kimberly-Clark no Brasil.

A compra, fechada em outubro do ano passado por US$ 175 milhões (R$ 942 milhões, com base no câmbio da ocasião), fortalece ainda mais a vertical de bens de consumo, ao agregar ao portfólio a propriedade das marcas premium como Neve e Grand Hotel e abrir caminho para a companhia fortalecer sua presença em novos mercados.

“Com os ativos da Kimberly-Clark, a gente fica melhor posicionado para atender o mercado de São Paulo, sobretudo, tendo um acesso maior aos clientes do Sudeste e Sul, uma vez que já somos fortes no Norte e no Nordeste”, afirma Luís Bueno, diretor executivo de bens de consumo e relações corporativas da Suzano, ao NeoFeed.

Citando dados da consultoria NielsenIQ relativos a março e abril, Bueno diz que, considerando as marcas adquiridas, a Suzano se torna líder do mercado nacional de papéis higiênicos em valor transacionado, com um share de 24,3%, ficando acima de nomes como Softys, do grupo chileno CMPC.

Até a compra dos ativos de tissue da Kimberly-Clark, a Suzano atuava com duas marcas próprias, a Max, voltada para o canal de atacarejo, e a Mimmo, para o varejo em geral. Ambas foram criadas a partir de 2017, ano em que ela começou a atuar neste mercado, tendo forte presença no Norte e Nordeste.

Com os novos ativos, ela também vê a possibilidade de aumentar o tíquete médio de seu portfólio. Além da propriedade das marcas Neve e Grand Hotel, a companhia recebeu o direito de explorar por um prazo determinado, não informado pelo executivo, de outras marcas da companhia americana, como Scott e Kleenex, além da linha K-C Professional.

“As marcas têm posicionamentos de preço complementares com as que temos no portfólio, o que vai nos permitir oferecer aos clientes em todo o Brasil uma solução completa de tissue, em todas as categorias de papéis”, diz Bueno.

Ele destaca que existe um movimento de busca por qualidade entre os consumidores, justificando a aquisição dos ativos brasileiros da Kimberly-Clark. Levantamento da NielsenIQ aponta que a participação de mercado em volume de papéis higiênicos de folhas dupla e tripla saltou de 67% em 2020 para 74% em 2022.

“Nos últimos dez anos, o mercado de tissue brasileiro vem passando por uma premiunização, em que há uma migração de folha simples para folha dupla, e de folha dupla para folha tripla”, afirma.

luiz bueno suzano
Luís Bueno, diretor executivo de bens de consumo e relações corporativas da Suzano

A expectativa é de manutenção dessa tendência, considerando que o consumo em geral ainda é baixo no Brasil. Bueno cita dados da consultoria Fastmarkets RISI que mostram que o consumo per capita em 2021 no País somou 6,3 quilos por habitantes. No Chile, ele alcançou 14,5 quilos por habitantes, enquanto o México apresentou 9,7 quilos por habitantes.

Demanda potencial

Para conseguir capturar essa demanda potencial, a Suzano também está aumentando sua capacidade produtiva. O acordo com a Kimberly-Clark prevê ainda a incorporação da fábrica em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, cuja capacidade instalada é um pouco menor que a companhia tem com as cinco plantas dedicadas à produção de tissue – 130 mil toneladas por ano contra 150 mil toneladas anuais, respectivamente.

A compra dos ativos da Kimberly-Clark também faz parte da estratégia de diversificar a atuação, visando mitigar os efeitos da flutuação dos preços da celulose sobre os resultados da companhia. Este foi o principal motivo para a Suzano criar a área de bens de consumo, em 2017.

“O negócio de tissue é inversamente correlacionado com a celulose, que compreende a maior parte do custo de tissue”, diz Bueno. “Em momentos em que a celulose está com preço baixo, a margem de tissue é melhor, e quando a celulose está com preços melhores, a margem de tissue é pior.”

Com a aquisição finalizada, o foco nos próximos trimestre vai estar bastante direcionado à integração do negócio da Kimberly-Clark, com Bueno afirmando que as sinergias possíveis ainda estão sendo calculadas. Ele não quis revelar dados sobre o faturamento da área, nem quanto os valores podem alcançar com os ativos da Kimberly-Clark.