Enquanto os investidores se mostram pessimistas em relação às perspectivas da Suzano, em meio à apreciação do real ante o dólar e a queda do preço da celulose no mercado internacional, o Santander vai na direção contrária.

Ainda que tenham reduzido o preço-alvo das ações da maior produtora de celulose do mundo de R$ 78 para R$ 70, para refletir as novas condições macroeconômicas e as novas projeções de capex, os analistas Rafael Barcellos e Arthur Biscuola veem motivos para o investidor ser otimista com a companhia. Cinco motivos, para ser mais específico, justificando a reiteração da recomendação de compra.

O primeiro deles tem justamente a ver com os preços da celulose. Enquanto os investidores temem que o ciclo de baixa dure mais de 12 meses, os analistas do Santander afirmam que esses movimentos têm uma vida útil média de menos de seis meses. Além disso, as cotações estão 20% abaixo do custo marginal da indústria, gerando incentivos para uma alta de preços.

E em relação ao câmbio, eles dizem que a companhia está bem protegida para proteger o fluxo de caixa deste movimento de queda do dólar.

Considerando que as ações estão sendo negociadas com desconto de 15% em relação à média de preços dos últimos cinco anos, e a perspectiva de que o preço da celulose deve parar de cair, a Suzano apresenta uma assimetria atrativa para os investidores, segundo os analistas.

“Apesar das expectativas de que as ações da Suzano permaneçam limitadas até que os preços das celulose se estabilizem e a visibilidade [sobre o tema] melhore, acreditamos que as pressões sobre a celulose estão abrindo um valor significativo de longo prazo nas ações da Suzano”, diz um trecho do relatório. “Portanto, permanecemos tendo uma alta convicção a respeito da recomendação de compra.”

O Santander também se mostra mais otimista que a média do mercado em relação ao Ebitda por tonelada. Enquanto o consenso aponta para US$ 300 por tonelada em 2023, os analistas do banco apontam para cerca de US$ 350 a tonelada, diante da perspectiva de retomada dos preços.

O terceiro argumento está relacionado às expectativas de crescimento. Ainda que o aumento do investimento no Projeto Cerrado para R$ 22,2 bilhões tenha pesado sobre o preço-alvo das ações, os analistas do Santander veem essa iniciativa, mais as expansões previstas na divisão de papel e a entrada em nichos específicos, como o tissue, como outros pontos positivos para a tese de investimento.

“Para nós, os projetos da Suzano devem apresentar retornos atrativos, considerando seu histórico com iniciativas de growth”, diz outro trecho do relatório.

Apesar do aumento dos investimentos e a pressão em cima dos preços da celulose, a Suzano possui um balanço financeiro sólido, com os analistas destacando esse ponto como o quarto motivo para se ter uma visão positiva com a Suzano.

A expectativa é de que a alavancagem financeira permaneça abaixo de 3 vezes nos próximos trimestres. “Mesmo considerando um cenário negativo para o preço da celulose, sua alavancagem não deve ultrapassar 3,5 vezes”, escreveram os analistas.

O aspecto ESG da companhia é, por fim, outro fator que beneficia a Suzano. Os analistas destacam o fato de ela ter produtos que podem ajudar as indústrias a adotarem embalagens biodegradáveis e que as florestas de eucalipto podem ser usadas na captura de carbono.

Eles citam ainda o aspecto de governança da Suzano, avaliando que a empresa tem alto nível de transparência, além do fato de 56% dos integrantes do conselho de administração serem independentes.

Por volta das 11h38, as ações da Suzano subiam 0,80%, a R$ 44,06. No acumulado do ano, os papéis registram queda de 8,6%, levando o valor de mercado a R$ 58,5 bilhões.