A Tenda conseguiu colocar o seu "balanço no lugar", concluindo a reestruturação de seu endividamento, mostram os resultados do terceiro trimestre de 2023.
No período, a dívida líquida corporativa da Tenda passou para 13% do patrimônio líquido, uma queda de quase 30 pontos percentuais na comparação com o trimestre anterior (estava em 42%).
Essa queda aconteceu por conta da liquidação de três séries de debêntures que venciam no curto e no médio prazo e que totalizavam R$ 240 milhões. Agora, a dívida líquida está em R$ 450 milhões.
Ao mesmo tempo, a companhia fez uma nova captação de debêntures, no valor de R$ 150 milhões, com taxa de CDI + 2,75%.
“Todo o trabalho de reestruturação da alavancagem e do alongamento do perfil da dívida foi concluído”, diz Luiz Mauricio Garcia, CFO da Tenda, em entrevista ao NeoFeed. “Agora, estamos vivendo esse período único no Minha Casa Minha Vida.”
O pagamento antecipado das debêntures foi possível graças ao follow on da Tenda, em setembro de deste ano, em que trouxe R$ 225 milhões ao caixa da construtora (o valor já desconta as taxas e encargos que a empresa pagou).
A Tenda acredita que, agora, pode voltar a focar na rentabilidade. No terceiro trimestre, a margem bruta ficou em 33%, um indicador que vem melhorando trimestre a trimestre desde os primeiros três meses de 2022, quando era de 23,2%.
Na visão da construtora, essa margem bruta reflete o patamar que a empresa espera ter como base. E, no quarto trimestre deste ano, a expectativa é que menos de 20% da receita seja oriunda de projetos lançados em 2021 ou antes, o que deve impactar positivamente na margem.
Outro fator de otimismo são as mudanças do Minha Casa Minha Vida, que devem impactar de forma mais profunda a Faixa 1 do programa, que atende famílias com até R$ 2 mil de renda.
De acordo com as novas regras, o novo teto de subsídios vai até R$ 55 mil por família. Além disso, há a redução das taxas de juros cobradas das famílias de menor renda e da ampliação do prazo de financiamento para até 35 anos.
“Isso atinge algo em torno de 90% das nossas vendas. Até o primeiro semestre deste ano, era entre 10% e 20%”, diz Garcia.
A Tenda atua em nove estados (São Paulo e Campinas, Rio Grande do Sul, Paraná, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Goiás). O foco é estar nas regiões metropolitanas.
Garcia não deu um guidance de lançamento, mas diz que acredita ser uma vantagem competitiva estar com uma presença forte fora do eixo Rio-São Paulo. De acordo com ele, a região Nordeste é a que deve ganhar mais market share. “É uma consequência natural desse cenário”, diz o CFO.
Outra fonte de atuação é a Alea, marca de casas pré-construídas lançada pela Tenda em 2021. O desafio, nesse caso, é diferente. A Alea pode ser considerada uma startup, cujo objetivo, neste momento, é ganhar escala.
Neste ano, a Alea lançou 1.205 unidades (no terceiro trimestre foram 743 unidades). Esse número representa mais do que foi lançando em 2021 e 2022, somados.
Parece pouco (e, de fato, é). Mas é um primeiro sinal de que a Alea começa a ganhar escala. O plano é aumentar os lançamentos no próximo ano. A rentabilidade, no entanto, deve chegar a partir de 2025. “A Alea tem esse período de travessia ainda. E tem dois grandes desafios: volume e execução”, afirma Garcia.
Prejuízo menor
A receita líquida consolidada da Tenda (que inclui a Alea) foi de R$ 786,3 milhões no terceiro trimestre de 2023, uma alta de 37,2% em comparação ao mesmo período do ano passado.
O Ebitda ajustado atingiu R$ 50,8 milhões, alta de 141,7%. A margem Ebitda ajustada foi de 6,5%, uma melhora de 27,7 pontos percentuais.
A Tenda teve um prejuízo de R$ 23,8 milhões, resultado que foi 88,7% melhor do que o mesmo período do ano passado (na época, a construtora teve um prejuízo de R$ 210,4 milhões).