Quem pratica corrida sabe a importância de acompanhar de perto o chamado pace, o ritmo médio em que se percorre um quilômetro em minutos. A medida serve para mostrar o rendimento do corredor e para ele entender quais tipos de provas pode escolher e ser bem sucedido. 

Transpondo o conceito para o mundo dos negócios, os analistas do Itaú BBA analisaram o desempenho da Track&Field. E as medições mostraram uma companhia num "pace" acelerado para acompanhar a tendência de crescimento do mercado de roupas esportivas. 

A conclusão levou os analistas Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes a retomar a cobertura das ações da Track & Field com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 16,00. O valor indica um potencial de alta de 19,4% das ações. 

“Desde o IPO, a Track&Field tem aproveitado os ventos favoráveis de sua exposição a tendências seculares e o crescimento do mercado endereçável, sustentando uma trajetória de crescimento além das expectativas”, diz trecho do relatório. 

Depois de sofrer uma dura desaceleração em 2020 por conta da pandemia, a indústria de roupas esportivas começou a se recuperar. A reabertura da economia e a tendência das pessoas de buscarem hábitos saudáveis são desenvolvimentos positivos não apenas para a Track&Field, mas para o setor em geral. 

A expectativa dos analistas do Itaú BBA é de que o mercado de roupas e acessórios brasileiro registre uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 6% nos próximos cinco anos. No mesmo período, o segmento de roupas esportivas deve expandir 8%, podendo responder a 19% do mercado de vestuário do País em 2026. 

“Acreditamos que esta tendência [busca por hábitos saudáveis] terá um papel importante em tornar o mercado de artigos esportivos a categoria de maior crescimento no varejo de roupas, consistentemente aumentando sua participação na indústria”, diz trecho do relatório. 

A Track&Field já vêm aproveitando este cenário, reportando crescimento acima da média do setor, superando inclusive as estimativas otimistas do Itaú BBA. Os analistas destacam que sua participação de mercado mais que dobrou em relação a 2017, para 3,3%. 

Com base nas projeções de crescimento do varejo de roupas esportivas, o relatório aponta que o market share da Track&Field atingirá 5,9% em 2026. 

Além de estar inserida em um mercado com alto potencial de crescimento, a Track&Field também fez a sua parte. Os analistas destacam os investimentos da empresa na omnicanalidade, em especial nas vendas através do ship from store, em que as lojas funcionam como minicentros de distribuição de compras feitas pela internet. 

As vendas nesta modalidade, no total das vendas geradas pelo e-commerce, passou dos 27% apurados no segundo trimestre de 2021 para 67% no mesmo período deste ano.

Eles citam ainda as Experience Stores, unidades que além de vender produtos oferecem serviços de concierge, organizam eventos esportivos e produtos alimentícios. Para o Itaú BBA, a iniciativa fortalece a marca como um ecossistema de bem-estar entre os consumidores. 

A expectativa para 2022 é de que a Track&Field registre uma receita líquida de R$ 617 milhões, um aumento de 42% em relação ao ano anterior. O valor é 30% superior ao que o Itaú BBA estimava anteriormente. 

Já a estimativa para a margem bruta sofreu um corte de 4,6 pontos percentuais, para 56,2%. Apesar da capacidade da empresa de repassar a inflação aos consumidores, o aumento da participação de franquias afetou as estimativas. Mas, ao mesmo tempo, o crescimento desse canal de vendas reduz as despesas gerais e administrativas. 

A Track&Field deve fechar o ano com um Ebitda ajustado de R$ 143 milhões, aumento de 9,6% ante a estimativa anterior e 56% acima do registrado em 2021. 

Por volta das 13h03, as ações da empresa caíam 0,92%, a R$ 13,23. No ano, elas acumulam alta de 2,6%, levando o valor de mercado para R$ 2 bilhões.