O UBS BB elevou a recomendação das ações da Alpargatas de “neutro” para “compra”. Com alta no preço-alvo de R$ 10 para R$ 12, os analistas veem um potencial de valorização de 26,3% em relação ao último fechamento. As ações da companhia subiam mais de 3% na manhã de segunda-feira, 1º, após a divulgação do relatório.
O maior otimismo dos analistas está relacionado à gestão de Liel Miranda, CEO desde 2024, que conseguiu azeitar as operações da companhia no Brasil, com melhora de indicadores logísticos, e vem buscando fazer o mesmo operações internacionais. Com uma estratégia focada em simplificação e eficiência, o relatório destaca que a empresa elevou sua margem Ebitda no Brasil para níveis acima da média histórica, projetando 22,24% para este ano e 23,1% para 2027.
“A gestão já executou uma reestruturação bem-sucedida no Brasil e agora vemos um roteiro concreto para a melhora no mercado internacional”, diz o relatório do UBS BB.
Parte relevante da recuperação prevista no exterior está ligada ao acordo de distribuição com a Eastman, anunciado em junho. Segundo os analistas, a parceria permitirá que a Alpargatas atinja lucratividade nos Estados Unidos a partir de 2026, revertendo o prejuízo estimado de R$ 80 milhões registrado no país em 2024.
O UBS BB projeta que o acordo com a Eastman aumentará a margem Ebitda internacional da empresa em 1,4 ponto percentual, para 6,8% neste ano, e para 10,2% em 2026 e 2027. Um dos pontos é que a mudança do modelo de operação direta para distribuição reduz custos fixos e permite foco na expansão de mercado.
“A eficiência de custos e a otimização do portfólio podem gerar ganhos adicionais. O capex deve permanecer em torno de 4,5% da receita, com necessidades modestas de capital de giro.”
Segundo os analistas, o foco em construção de marca já mostra resultados na Europa, onde a empresa registrou crescimento de dois dígitos nas vendas de junho.
Com perspectivas mais positivas para o mercado internacional, o UBS BB revisou para cima as projeções de Ebitda ajustado. Para 2025, o número foi elevado em 2%, para R$ 770 milhões. Para 2026 e 2027, o crescimento projetado é de 5%, para R$ 905 milhões e R$ 1 bilhão, respectivamente. As estimativas, agora, estão 1%, 8% e 10% acima do consenso de mercado para 2025, 2026 e 2027.
Os analistas também destacaram que a participação de 49% na Rothy’s, adquirida em 2022 por US$ 475 milhões, ainda pode representar um “valor oculto”. Embora pouco relevante para os resultados até o momento e com uma baixa contábil de R$ 1,1 bilhão em 2023, o UBS BB pontuou que a empresa apresenta sinais de melhora operacional e possui US$ 160 milhões em caixa.
“O potencial de valorização pode vir do reconhecimento desse valor pelo mercado [da Rothy’s] ou de alternativas estratégicas, como uma venda, após o vencimento da opção de compra da Alpargatas, em dezembro de 2025”, aponta o relatório.
Parte do processo de reestruturação da Alpargatas já é refletida nos preços, com as ações acumulando cerca de 60% de valorização no ano, elevando o valor de mercado da companhia para cerca de R$ 6,6 bilhões. Na avaliação do UBS BB, no entanto, apenas a recuperação no Brasil está precificada, restando espaço para a valorização decorrente da operação internacional e da Rothy’s.