No início deste ano, o Credit Suisse destacou que o setor de telecomunicações despontava como uma alternativa para os investidores no mercado de capitais. E, nesse contexto, apontou a TIM e a Vivo como suas principais escolhas no segmento, citando, entre outros fatores, o perfil defensivo dos dois grupos.
Agora, outro banco suíço está reforçando essa orientação. Em relatório publicado na terça-feira, 31 de janeiro, o UBS BB ressalta que, apesar das incertezas no cenário macroeconômico para 2023, as teles brasileiras estão em um ponto de inflexão, com perspectivas favoráveis à frente.
Sob esse viés, o banco também elegeu a Vivo e a TIM como suas top picks no setor. Nessa revisão, o destaque ficou com a primeira operadora, que teve sua recomendação atualizada de neutro para compra, com preço-alvo da ação em R$ 51. No caso da TIM, o banco reiterou a classificação de compra para o papel, que tem preço-alvo de 15.
Entre outros pontos para essa visão mais positiva do setor, os analistas do UBS BB citam que a redução de quatro para três players de telefonia móvel, com a saída da Oi dessa disputa, deve gerar uma competição “benigna” e impulsionar um crescimento real, acima da inflação, em 2023.
“Nossas análises sugerem que o aumento de preços, principalmente no pré-pago, pode ser implementado no mercado brasileiro já no primeiro semestre de 2023”, escrevem Leonardo Olmos, Andre Salles e Lucas Chaves, do UBS BB.
O trio também destaca que as adições líquidas de assinantes de banda larga atingiram seu pico em 2022 e que o espaço para queima de caixa secou. Esses dois fatores tendem a favorecer a consolidação no setor, beneficiando as grandes teles.
Os analistas recorrem ainda a insights gerados da sexta edição da pesquisa sobre o mercado móvel do UBS BB. Entre eles, o fato de que a importância do preço na escolha de uma operadora caiu, aliado a uma melhora na percepção sobre esses serviços por parte dos consumidores. E projetam:
“Apesar do lucro líquido fraco em 2022 e 2023, esperamos que o crescimento orgânico da receita e do Ebitda atinjam recordes”, ressaltam. “Em 2024, as despesas abaixo do Ebitda devem ser diluíveis e o lucro líquido deve superar um crescimento composto anual de 20%”.
Nesse cenário, o relatório frisa que, após a estimativa de redução no lucro líquido em 2022, o mercado ficou “excessivamente cauteloso” com a Vivo. Para os analistas, essa avaliação ignora o perfil defensivo do ativo.
Esse perfil se traduz em componentes como a maior base móvel no pós-pago; a exposição às regiões de maior renda; a maior receita média por usuário; a base de mais de 5 milhões de assinantes de serviços de banda larga de fibra óptica; e os baixos índices de churn da operadora.
“Esperamos que o crescimento acima da inflação para o setor tenha maior impacto para a Vivo, que teve o menor crescimento entre seus pares. E que essa reaceleração resulte em um botton line forte em 2023, com um aumento subsequente dos dividendos”, observam os analistas.
Em relação à TIM, o UBS BB destaca que, sob as perspectivas à frente do setor, a maior parte dos benefícios da aquisição de ativos da Oi deve ser mais visível a partir de agora, com estimativas de um salto de 200 pontos-base em sua margem ebtida e de 500 pontos-base em seu Capex, no prazo de três anos.
“Mesmo que a TIM seja desafiada em alguma frente, a empresa tem uma margem de segurança significativa, com uma relação dívida líquida/Ebitda abaixo de 4 vezes e free cash flow yield próximo a 10% em 2023 e 2024”, afirmam.
Por volta do meio-dia, as ações da Vivo estavam sendo negociadas com alta de 1,92% na B3, a R$ 41,36. Os papéis da companhia, avaliada em R$ 68,8 bilhões, acumulam 7,8% em 2023.
No mesmo horário, as ações da TIM, avaliada em 28,2 bilhões, operavam com alta de 1,04%, a R$ 11,68. No ano, os papéis da operadora registram uma desvalorização de 5,8%.