As parcerias globais têm sido o caminho escolhido pela Vale para colocar em prática o discurso de descarbonizar a cadeia de siderurgia. Agora, a companhia está colocando definitivamente o mercado brasileiro nesse mapa para dar sequência a essa pegada.
A empresa anunciou na terça-feira, 26 de setembro, que assinou um memorando de entendimento com o Porto de Açu, para estudar o desenvolvimento de um mega hub voltado à produção de bríquete de ferro (HBI, na sigla em inglês), ou ferro-esponja, via rota de redução direta.
Na prática, o processo de redução direta é uma alternativa ao uso do alto forno e à queima de combustíveis fósseis, ainda a tônica desse mercado, e abre caminho para a fabricação de materiais e produtos de baixo carbono.
O projeto em análise seria instalado no próprio Porto do Açú, localizado em São João da Barra, no norte do estado do Rio de Janeiro, e administrado pela Porto do Açu Operações, parceria formada entre a Prumo Logística, controlada pelos fundos EIG e Mubadala, e o Porto de Antuérpia-Bruges International.
De acordo com o comunicado, em um primeiro momento, o hub receberá pelotas da Vale. Futuramente, o projeto comporta a possibilidade de abrigar uma planta de bríquete de minério de ferro para atendimento da unidade de redução direta instalada no local.
As duas empresas buscarão investidores e clientes para construir e operar a planta em questão, a princípio, com o uso de gás natural. Esse processo também envolverá a opção de converter a unidade para a operação via hidrogênio verde, resultando na produção de HBI com emissão de carbono próxima a zero.
Segundo a Vale, o uso do HBI nesse tipo de forno permitirá ao parque siderúrgico brasileiro “uma transição mais suave no processo de descarbonização”. Em nota, Marcelo Spinelli, vice-presidente executivo de soluções de minério de ferro da empresa, ressaltou que o Brasil tem grande potencial para ser um polo de siderurgia de baixo carbono.
“Temos minério de ferro de alta qualidade, reservas de gás natural abundantes e potencial para desenvolver o hidrogênio verde”, afirmou o executivo, que acrescentou: “Queremos ser indutores da ‘neo-industrialização’ do Brasil, que será baseada na indústria verde.”
Ampliando a pegada
Entre os últimos passos nessa direção, no fim de 2022, a Vale assinou três acordos para o desenvolvimento de mega hubs voltados à descarbonização dessa cadeia no Oriente Médio. O pacote contemplou compromissos com autoridades na Arábia Saudita, no Emirados Árabes Unidos e em Omã.
Na época, a companhia brasileira ressaltou que já havia assinado acordos com mais de 30 clientes para o desenvolvimento de soluções a quatro mãos rumo à descarbonização do setor.
Mais recentemente, no início do mês de setembro, a Vale também firmou um acordo com a startup sueca H2 Green Steel para estudar o desenvolvimento de hubs industriais para fabricar produtos como hidrogênio verde e HBI no Brasil e na América do Norte.
As ações da Vale encerraram o pregão da segunda-feira, 25 de setembro, cotadas em R$ 66,60 e em queda de 2,04%. No acumulado de 2023, os papéis registram uma desvalorização de 21,4%. A empresa está avaliada em R$ 286,9 bilhões.