A Vivae, joint venture de educação que reúne Vivo e Ânima Educação, anunciou sua fusão com a edtech Ada, startup de educação voltada para empregabilidade e que foca em empresas.

Pelos termos do acordo, a Ada vai incorporar a Vivae, que terá uma participação minoritária relevante na empresa combinada. A conclusão da fusão depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Ao NeoFeed, Rodrigo Gruner, vice-presidente de Inovação e Novos Negócios da Vivo, diz que a fusão representa uma oportunidade de expandir a presença da empresa no mercado de educação, especialmente para a parte corporativa.

“Apesar de a Vivae ser uma sociedade entre Ânima e Vivo, sempre a consideramos como uma startup. E um dos aprendizados que tivemos foi que o produto desenvolvido, de aprendizados curtos para o B2C, tinha valor para o B2B”, afirma. “É aí que a Ada entra.”

Com a união, a Ada passará a ter cerca de 500 mil usuários ativos e 50 funcionários, operando as duas marcas, que permanecerão atuando em suas respectivas áreas, com conteúdos relacionados à tecnologia.

A Ada segue voltada para o B2B, com uma plataforma que ajuda empresas a diagnosticar, desenvolver e contratar pessoas e que também oferece a profissionais cursos de capacitação na área de tecnologia. Fundada em 2019, a plataforma conta com mais de 400 mil usuários ativos e atende empresas como Google, Mercado Livre e Nubank.

O segmento B2C continuará com a Vivae, criada em 2022 com a Ânima, para oferecer cursos livres de capacitação, com foco em educação continuada e empregabilidade. A plataforma conta atualmente com 100 mil usuários ativos que acessam cursos para qualificação em áreas como IA, marketing digital, análise de dados e soft skills.

Segundo Felipe Paiva, CEO da Ada, a operação representa a combinação da capacidade de distribuição da Vivae, por ter Vivo e Ânima por trás, e a penetração da Ada na parte de B2B, além da capacidade tecnológica que desenvolveu, utilizando IA para acelerar processos de recrutamento e seleção.

A expectativa inicial é de aumentar o universo de pessoas cadastradas nas plataformas, atualmente em 800 mil, para acima de 1 milhão.

“O mercado endereçável é muito grande, porque apesar de IA substituir o trabalho, o que vemos é que encontrar talentos é difícil”, afirma Paiva, que permanecerá à frente da empresa após a fusão. “Independentemente da pessoa, não necessariamente ela está pronta para as oportunidades.”

A relação de Vivo e Ada vem desde 2024, após o investimento feito pela Wayra, braço de investimento em startups early stage da companhia de telefonia. Como parte do processo de fusão entre Ada e Vivae, a Vivo transferiu previamente sua participação acionária na Vivae para o Vivo Ventures, veículo voltado para empresas em estágio mais avançado, com um fundo FIP de R$ 320 milhões.

Gruner diz que o aporte não tinha inicialmente a intenção de combinar as operações, mas as trocas entre as partes mostraram que os negócios poderiam ser complementares, ainda mais diante da intenção da Vivae de ir para o B2B.

Desde 2012, a Wayra fez aportes em 89 startups no Brasil, com recursos vindos do caixa do grupo Telefônica. A Vivo conta ainda com o Vivo Ventures, veículo voltado para empresas em estágio mais avançado, com um fundo FIP de R$ 320 milhões.

Os investimentos da Vivo fazem parte da estratégia de ampliar a atuação para além dos serviços de telecomunicações, ainda que também tenham o propósito de gerar resultados. A receita com participação em empresas já representa mais de 11% da receita da companhia, que no segundo trimestre somou R$ 14,6 bilhões.

Para Gruner, a fusão tem potencial de geração de valor, não necessariamente de receita direta, porque a Ada não vai ser consolidada na Vivo. “Mas, através da capacidade da Vivo e da Ânima em apoiar a Ada em distribuição, entendemos que a empresa acaba sendo um ativo muito relevante”, afirma.

A combinação de negócios também ocorre num momento em que Ada começa a desembarcar em outros países. No ano passado, a empresa começou a operar no México e vê a possibilidade de atuar no Chile e na Colômbia.