Depois de anos fazendo mais de 20 aquisições e enfrentando uma crise de alavancagem que chegou a 4,28 vezes no fim de 2024, a Viveo começou a colher os frutos de sua estratégia de reestruturação.
No segundo trimestre de 2025, a companhia entregou os primeiros resultados consistentes de melhoria operacional desde que iniciou seu ciclo de M&As.
"Saímos do módulo de execução para a captura de resultado", diz Leonardo Byrro, CEO da Viveo, ao NeoFeed. "Depois de quatro ou cinco trimestres de bastante integração e incorporação, agora começamos a ver o resultado operacional da companhia voltando para onde deveria estar."
Os números do segundo trimestre mostram a estratégia focada em rentabilidade em vez de crescimento, uma decisão que foi traçada pela companhia no fim de 2024.
A receita líquida atingiu R$ 2,8 bilhões, crescimento de 2,5% no trimestre, impulsionada pelos negócios de laboratórios, vacinas e varejo. A margem bruta saltou para 15%, um ganho de 0,6 ponto percentual.
Entre maio e junho, as despesas com vendas e administrativas (excluindo não recorrentes) totalizaram R$ 272,5 milhões, redução de 4,5% na comparação anual, resultado de projetos estratégicos iniciados em 2024. "Expandimos margem bruta e reduzimos despesa", afirma Byrro.
O resultado foi uma margem Ebitda Ajustada de 6,3% no trimestre. Excluindo o efeito da CMED (o órgão responsável pela regulação do mercado de medicamentos que fixa e ajusta os preços dos medicamentos), que ficou substancialmente abaixo do esperado, a margem Ebitda foi de 5,9%, representando avanço de 0,6 ponto percentual sobre o mesmo período do ano passado.
Melhora do ciclo de caixa
Um dos principais gargalos da Viveo nos últimos anos foi a deterioração do seu ciclo de caixa, agravada pelas múltiplas aquisições que desorganizaram a gestão de estoques e prazos de recebimento.
No segundo trimestre, a companhia conseguiu reduzir o ciclo em 12 dias, gerando R$ 177 milhões de caixa livre.
"Reduzimos o estoque absoluto e ele voltou a ficar financiado pelo contas a pagar, que sempre foi a natureza do nosso negócio, mas tinha desencaixado", diz o CEO.
Além disso, a empresa renegociou os prazos de recebimento com os principais clientes durante o trimestre, uma medida que deve trazer benefícios adicionais a partir do terceiro trimestre.
"Vamos ver o benefício ainda maior no ciclo de caixa a partir do terceiro trimestre pelo contas a receber", afirma Byrro.
Alavancagem sob controle
A alavancagem, que chegou a ultrapassar 4 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda no fim de 2024, está em fase de estabilização.
A dívida ficou praticamente estável no primeiro semestre do ano (fechou em R$ 2,86 bilhões no segundo trimestre ante R$ 2,29 bilhões no trimestre anterior) e a companhia encerrou junho com 4,33x de alavancagem, abaixo do covenant renegociado de 4,75x.
A Viveo renegociou a curva de covenants com os bancos, com previsão de voltar aos patamares normais em junho de 2026.
Esse processo de reestruturação teve um custo. Em 2024, a Viveo registrou R$ 1 bilhão de prejuízo não caixa no quarto trimestre, como parte do ajuste final de todo esse processo.
A companhia também colocou alguns ativos à venda, incluindo a possível venda da Cremer como parte da decisão após negociação com credores.
"Temos um desafio de estrutura de capital na companhia e várias frentes de possíveis esforços para acertar a estrutura de capital", diz o CEO.
Com valor de mercado de R$ 339 milhões, a ação VVEO3 acumula queda de 47,8% no ano na B3.