Em meados de março deste ano, a Volkswagen apresentou um plano de investimentos de € 180 bilhões, a ser aplicado entre 2023 e 2027, e ressaltou o mercado chinês como um dos destinos prioritários desse pacote. Um mês depois, o grupo alemão está detalhando uma das vias bilionárias desse percurso.

A montadora alemã anunciou na terça-feira, 18 de abril, que vai investir € 1 bilhão em um centro de pesquisa e desenvolvimento com foco em carros elétricos e automação. A unidade será instalada na cidade de Hefei, na província de Anhui, na China.

Com o novo projeto, batizado de 100%TechCo, a Volkswagen ressaltou que busca adaptar seu portfólio “ainda mais rapidamente” às preferências dos clientes chineses. Nessa direção, a empresa estima reduzir o tempo de desenvolvimento de produtos e tecnologias para o mercado local em cerca de 30%.

“O estabelecimento da 100%TechCo é um passo importante da nossa estratégia na China, para a China’”, destacou, em comunicado, Ralf Brandstätter, membro do conselho da montadora para o gigante asiático.

O centro deve entrar em operação no início de 2024 e vai combinar mais de 2 mil funcionários de P&D e de compras com tecnologias de ponta. O plano também envolve integrar fornecedores locais nas fases iniciais de desenvolvimento dos produtos, além dos projetos das joint ventures da Volkswagen no país.

“Estamos abrindo um novo capítulo em nossa cooperação com nossos parceiros de joint venture, bem como as marcas do grupo, para trazer produtos personalizados para o mercado chinês de forma ainda mais rápida e eficiente”, afirmou Marcus Hafhkemeyer, que atuará como CEO da nova operação.

A derrapada da Volks

A derrapada na China, com vendas aquém das expectativas, foi um dos motivos por trás da demissão, em julho de 2022, de Herbert Diess do cargo de CEO global da Volkswagen. Dois meses depois, ele foi substituído por Oliver Blume que, entre outros movimentos, reforçou a atenção dada ao país.

Em linha com esse direcionamento, a empresa passou a acelerar frentes como a introdução de uma marca e de parcerias locais, além de softwares específicos para a China. O grupo fechou, por exemplo, um acordo com a Horizon Robotics para desenvolver sistemas de assistência ao motorista e de direção autônoma.

Boa parte da perda de participação da Volkswagen na China - país que já representou quase a metade da receita global da montadora - está ligada à ascensão de players locais, focados em carros elétricos, como a BYD, Nio e Geely.

A empresa não é, porém, a única estrangeira a ter que lidar com o avanço dessa concorrência local, apoiada por modelos mais acessíveis. Nome que ajudou a popularizar a categoria dos elétricos, a Tesla também tem sentido os impactos dessa competição, com suas vendas no país caindo 10% entre 2020 e 2022.

Nessa corrida, as ações da Volkswagen encerraram o pregão de hoje com ligeira queda de 0,25%. Entretanto, no ano, os papéis acumulam uma valorização de 8,7%. A montadora está avaliada em € 72 bilhões.