A Votorantim e o fundo de pensão canadense Canadian Pension Plan Investments (CPP Investments) estão se unindo em mais uma joint venture.

Após se associarem na Auren, empresa de energia negociada na B3, o conglomerado brasileiro, dono de Votorantim Cimentos, banco BV, CBA, Nexa, Citrosuco, CCR, entre outros ativos, e o fundo de pensão canadense estão criando a Floen.

Trata-se de uma empresa que investirá em companhias que apostam em soluções para a transição energética. Ela será comandada por Raphaella Gomes, executiva já atuou como diretora de transição energética e investimentos na Raízen, tendo sido CEO da Raízen Geo Biogás.

“O tema energia é o único que é transversal a todos os nossos negócios. Faltava um veículo para investir diretamente nessa área”, diz João Schmidt, CEO da Votorantim S.A., em entrevista ao NeoFeed. “A Floen nasce desse contexto.”

Na joint venture, Votorantim e CPP Investments terão 50% cada. Ambos não informaram o valor que será destinado para investimentos. Mas enfatizaram que a visão é de longo prazo, sem existir um tempo no qual precisam sair dos negócios – por esse motivo não classificam a empresa como uma gestora de private equity.

A ideia é investir em empresas maduras, com soluções provadas e que precisem de capital para investir. O valor do cheque, bem como a fatia que deve ser adquirida vai depender de cada negócio. “Será deal a deal”, afirma Raphaella.

Os alvos serão empresas que atuem em áreas como armazenamento de energia, eficiência energética, biocombustíveis, biogás, hidrogênio verde, captura de carbono e crédito de carbono.

O objetivo é usar a expertise da Votorantim, que pode testar as soluções nas empresas de seu portfólio, e da CPP Investments, que tem feito diversos investimentos em empresas dessa área ao redor do mundo.

“Temos investimentos de US$ 67 bilhões em ativos green e de transição energética no mundo”, diz Ricardo Szlejf, head de infraestrutura e sustentabilidade do CPP Investments para a América Latina. “O objetivo é chegar a US$ 130 bilhões.”

Combinação das palavras em inglês flow e energy (energia que flui), a Floen deve ajudar ao CPP Investments, que tem US$ 536 bilhões sob gestão, a atingir essa meta. Até agora, o fundo canadense não fez nenhum investimento na área de transição energética na América Latina.

No mundo, os investimentos mais recentes foram na Redaptive, que recebeu US$ 200 milhões em dezembro do ano passado. A empresa americana investe em uma tese de energy as a service fazendo upgrade de equipamentos mais eficientes energeticamente em edifícios comerciais.

O CPP Investments alocou também mais de US$ 300 milhões na Octopus Energy, uma empresa de energia renovável do Reino Unido. “É um nicho central da nossa estratégia de investimento global”, afirma Szlejf, referindo-se a investimentos em ativos de transição energética. “Os stakeholders vão premiar empresas que estejam navegando na agenda de sustentabilidade.”

Com uma equipe pequena, de apenas oito pessoas, a Floen contará com a estrutura e o backoffice de Votorantim e CPP Investments. A equipe está atuando desde fevereiro deste ano e já criou um pequeno deal flow de 17 empresas. Raphaella explica, no entanto, que não há, ainda no horizonte, expectativa para anúncio de um primeiro investimento.

A executiva diz que, além dos investimentos, a Floen pode também criar empresas do zero. “O foco inicial é investir em coisas que já existem”, afirma Raphaella. “Mas se houver algum setor específico, vamos analisar se criar ‘greenfield’ faz sentido.”

A Floen vai atuar em um mercado de US$ 2,3 trilhões em 2021, de acordo com pesquisa da Allied Market Research. Em 2031, a estimativa é que o mercado de transição energética global atinja US$ 5,6 trilhões.

De acordo com a pesquisa, que levantou dados de mais de 20 países, a área de transição energética pode ser classificada em algumas categorias, como fontes renováveis, eficiência energética, hidrogênio e outras energias.

Um fator que a Allied Market Research considera fundamental para o crescimento desse mercado é a expansão das energias renováveis para o setor residencial e o avanço de tecnologia de armazenamento de energia.