Com cerca de R$ 170 bilhões sob gestão, a XP Asset realizou uma captação de R$ 558 milhões do fundo XP Infra II (XPIE11), para pagar a aquisição de dois parques eólicos localizados no Rio Grande do Norte, que pertenciam à francesa Voltalia.

O montante levantado na oferta, liquidada na semana passada, foi atingido após a distribuição de lote suplementar, com a demanda superando em mais de 25% a oferta base de R$ 450 milhões. O total captado praticamente dobra o patrimônio líquido do fundo, que agora ultrapassa a marca de R$ 1,14 bilhão.

Os recursos levantados serão utilizados para liquidar a compra dos parques eólicos Vila Acre I e o Vila Acre II, instalados no município de Serra do Mel, que fica a cerca de 250 quilômetros de Natal. O primeiro está em operação desde 2017 e possui capacidade instalada de 27,3 megawatts (MW), enquanto o segundo funciona desde 2020 e tem capacidade de 31,2 MW.

Em meio a um cenário pouco oportuno para desenvolvimento de novos projetos, diante da combinação de custos elevados de construção e preços de energia em baixa, o XPIE11 ingressa no mercado de energia eólica com dois ativos maduros e que contam com contratos de venda de energia firmados em momentos de preço de energia em alta, fechados entre 2015 e 2017.

“Os projetos que compramos da Voltalia são operacionais e têm histórico de geração, com contratos de venda de energia por 20 anos no ambiente regulado, de leilões antigos de distribuidoras”, diz Túlio Machado, gestor de infraestrutura da XP Asset, ao NeoFeed. “Tem preço definido, ajustado pela inflação anualmente, trazendo uma previsibilidade muito grande. Os projetos têm retornos atrativos e não tem risco de energia descontratada.”

A negociação com a Voltalia para a compra dos parques eólicos começou em agosto e foi fechada em dezembro. O fundo incorporou os ativos no começo do ano e o pagamento ficou acertado para depois da conclusão da oferta. “Com os recursos da quinta emissão, a gente vai liquidar financeiramente a operação até o final desta semana”, diz Machado.

A previsibilidade dos ativos foi um dos fatores que motivaram a XP Asset a realizar a aquisição, por conta das características do XPIE11. Criado em abril de 2019, o mandato do fundo é investir em ativos de infraestrutura para distribuição de dividendos, visando entregar ao cotista retorno líquido superior a IPCA mais 7,0%.

Segundo o relatório de janeiro, a taxa interna de retorno (TIR) líquida no mês foi de IPCA mais 8,93% e a expectativa é de que os ativos eólicos mantenham o patamar em alta. Segundo Machado, Vila Acre I e Vila Acre II apresentam uma TIR de IPCA mais 13,5%.

Além dos dois parques eólicos incorporados no começo do ano, o XPIE11 investe em dois ativos de geração energia solar, em Tocantins, quatro linhas de transmissão que ligam Estados do Nordeste e Norte, além do Rio de Janeiro, e um terminal portuário no Rio de Janeiro. O fundo pode investir tanto em equity como em dívida.

Segundo Machado, o XPIE11 é agnóstico dentro do universo de infraestrutura e está de olho em oportunidades, inclusive no setor eólico, que obedeçam aos critérios de previsibilidade de caixa, risco baixo e já operacionais. Quando encontrar um ativo considerado bom, o fundo realizará um follow on para financiar a aquisição.

“Estamos olhando transmissão, energia solar, eólica, pequenas centrais hidrelétricas, como também estamos olhando saneamento, transportes”, diz Machado, destacando que o fundo tem um capital autorizado de R$ 10 bilhões. “Temos analisado bastante coisa, temos uma expectativa boa para este ano e ano que vem”

A XP Asset tem atualmente mais de R$ 3 bilhões em ativos sob gestão na área de infraestrutura. Nesta frente, além do XP Infra II, a gestora conta com o fundo XP Portos, exclusivo para clientes private, que concluiu uma captação em fevereiro deste ano e comprou participação em um terminal de contêineres, no Rio de Janeiro, ao lado da ponte Rio-Niterói.

Em outra frente de infraestrutura, em 2022, a XP Asset ganhou as concessões dos aeroportos de Campo de Marte e Jacarepaguá com o fundo XP Infra IV, em uma compra oportunística via leilão com somente 0,1% de ágio.