O painel de abertura do NeoSummit COP30, evento do NeoFeed realizado na manhã desta quarta-feira, dia 10 de setembro, reuniu Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, e Gustavo Pimenta, CEO da Vale.
Nessa dobradinha, muito além de compartilharem o mesmo nome, a dupla mostrou bastante sintonia quando questionada sobre qual é o caminho mais viável para que as empresas consigam avançar, de fato, na pauta de sustentabilidade.
“A gente vivia em um mundo onde cada um fazia o seu”, disse Pimenta. “E esse é um problema complexo, que só vai ser resolvido se todo mundo se unir na mesma direção. Então, isso passa por parceria, diálogo e todo um arcabouço que conecta iniciativa pública e privada.”
Em exemplos que mostram o quão amplas podem ser essas conexões, ele citou que a própria Gerdau tem aberto suas portas para que a Vale teste o briquete verde. Assim como a Vale tem dado tração aos caminhões autônomos de empresas como Komatsu e Caterpillar.
“É uma cadeia que exige muito essa parceria, para testar esses equipamentos”, afirmou Pimenta. “Ao mesmo tempo, o Gustavo (Werneck) tem que abrir o alto forno da Gerdau para que possamos fazer os testes do briquete verde. E eu vejo essas parcerias acontecendo, o que me deixa otimista.”
Werneck reforçou essa visão. “Esse é o grande avanço que nós tivemos nos últimos anos”, afirmou o executivo. “Todos entenderam que não tem uma bala de prata. E que só vamos conseguir vencer essas dificuldades se toda a cadeia trabalhar em conjunto.”
Apesar dessa tendência de um esforço coletivo maior e da cobrança crescente pelas práticas sustentáveis das empresas, o CEO da Gerdau trouxe um contraponto, ao afirmar que nem todos nessa cadeia estão dispostos a pagar mais por isso. O que traz um desafio adicional nesse cenário.
“Isso está virando uma inequação. A gente estima que só aqui no Brasil, no setor de aço, se exigiria US$ 40 bilhões para descarbonizar o setor, o que não cabe no balanço das empresas”, disse Werneck. “Se o cliente não está disposto a pagar, de onde virá o funding para fazermos tudo isso?”
Nessa linha, Pimenta observou que houve certa desaceleração no apetite pela descarbonização nos últimos anos em virtude de fatores como o efeito inflacionário e de um contexto macroeconômico global mais desafiador. Mas citou algumas alternativas para reverter esse contexto.
“Se você começar a tributar aquele custo relativo às emissões, começa também a criar um incentivo e uma aceleração de algumas dessas soluções”, afirmou. E que a indústria de mineração e siderurgia, onde Vale e Gerdau estão inseridas, terá um papel essencial nessa transição.
“Quando olhamos para frente, a necessidade de minério é substancialmente maior”, disse Pimenta. “Se quisermos avançar em inteligência artificial, por exemplo, é impossível que seja feito sem mineração. O que precisamos é ser capaz de entregar uma mineração do futuro, mais responsável.”