Um dos painéis do NeoSummit Inteligência Artificial, evento do NeoFeed realizado na quarta-feira, 25 de junho, reuniu Brenno Raiko, sócio responsável por investimentos em tecnologia da Advent na América Latina, e Carlos Simonsen, sócio e managing partner da Upload Ventures.

A dupla personifica duas correntes diferentes de investimento – o private equity, no caso da americana Advent, e o venture capital, na brasileira Upload. Mas que cada vez mais convergem para um consenso: o de que a inteligência artificial já é obrigatória seja qual for a tese em discussão.

“Esse é um tema que, apesar de novo, é um top agenda”, disse Raiko, da Advent. “Hoje, acho que a principal pergunta para um investimento é como a inteligência artificial impacta ou pode impactar o core business daquela empresa. No nosso caso, vemos mais a IA como meio e não como fim.”

Raiko ressaltou que, no portfólio da Advent, o que, no âmbito do Brasil, inclui empresas como Ci&T e eBanx, praticamente todas as companhias já fazem uso de IA. Entretanto, ele pontuou que, no mercado como um todo, a adoção ainda está em camadas e níveis iniciais. E menos estratégicos.

“Tem muito experimento e muitas coisas acontecendo nas franjas das empresas”, destacou. “Mas é preciso ter também um olhar de médio prazo e não ficar preso apenas aos casos de uso comprovados. E esse impacto de usar a IA efetivamente como diferencial competitivo é o que estamos começando a ver.”

Se a leitura dos impactos e da adoção da inteligência artificial por potenciais investidas já é um filtro obrigatório para a Advent, no caso da Upload Ventures, esse boom se traduz na busca por companhias que estejam na outra ponta, a da oferta de sistemas e ferramentas baseadas nesse conceito.

“Tudo indica que o futuro será, sim, catalisado pela inteligência artificial”, afirmou Simonsen. “Nesse contexto, não temos a visão de investir em infraestrutura para IA no Brasil, mas sim, em soluções providas por IA. E sempre pensando no que as empresas virão a comprar nesse espaço.”

Com essa orientação, Simonsen destacou que alguns fundamentos da tese da Upload permanecem. Entre eles, a avaliação do time de fundadores, o que a startup está propondo fazer e qual o tamanho do mercado à frente dessa ideia. Mas, no caso da IA, outros fatores ganham ainda mais peso.

“Depois dessas etapas, avaliamos se o preço está justo e, no final, o que estamos vendo lá fora não é tão replicável aqui”, observou ele. “É o caso dos valuations da Anthropic, da OpenAI e da Stargate. Esse não é um jogo para o Brasil.”

Em contrapartida, Raiko, da Advent, ressaltou que os modelos e recursos embarcados nessas evoluções mais recentes da inteligência artificial também trazem oportunidades para o País. E que diferem, inclusive, de ondas tecnológicas anteriores.

“Hoje, a IA é uma ferramenta relativamente barata e facilmente distribuída, o que coloca o Brasil, diferentemente de outras revoluções, em par de igualdade com todo o mundo”, disse ele. “Então, não há uma companhia brasileira hoje que deveria ficar atrás nessa adoção versus qualquer empresa do globo.”