Brasília - O governo brasileiro e os empresários que atuam em Brasília trabalham com quatro cenários a três dias da oficialização do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O primeiro deles é a manutenção das taxas de 50% para produtos brasileiros. O segundo envolve uma negociação a partir de minerais críticos.

O terceiro cenário traz a possibilidade de produtos não cultivados nos EUA, como o café, ficarem de fora do tarifaço, assim como a fabricante de aviões Embraer. E, por fim, uma radicalização que coloque em risco investimentos no Brasil.

Enquanto espera a sexta-feira, 1º de agosto, integrantes do Planalto comemoraram a presença de um representante do governo dos EUA na reunião do vice-presidente Geraldo Alckmin com empresas de tecnologia como a Amazon, a Meta e o Google.

Foi um pedido do secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick. O gesto acabou sendo visto como um sinal positivo para a negociação. O governo brasileiro não revelou o nome do representante dos EUA.

"Foi uma reunião bastante proveitosa. Montamos uma mesa de trabalho para discutir, em seguida, uma série de questões voltadas à questão das 'Big Techs'", disse Alckmin.

O representante do governo dos EUA participou da reunião por videoconferência. O vice-presidente disse que o governo criou um plano para debater regulamentação, inovação tecnológica, segurança jurídica e oportunidade econômica.

Sem negociação por setor?

Alckmin negou que possa ser positiva uma negociação por setor, depois que Lutnick disse que produtos não cultivados nos Estados Unidos – como café, manga, abacaxi e cacau – tenham a tarifa zerada.

O vice-presidente brasileiro afirmou que, no Executivo, a estratégia é tentar reverter as taxas para a totalidade dos setores produtivos no Brasil. “Estamos trabalhando para que a diminuição da alíquota seja para todos."

A gerente de Comércio e Integração Internacional da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Constanza Negri, disse ao NeoFeed que as empresas defendem a negociação mais ampla e não apenas reduções de tarifas parciais de produtos específicos.

As companhias brasileiras temem ainda que uma longa negociação trave investimentos dos EUA no Brasil. Em 2023, empresários dos EUA investiram US$ 357,8 bilhões no Brasil, um aumento de 200% em relação a 2014.