O programa que falava sobre empreendedorismo e tinha uma das mais altas taxas de risadas por minuto do Spotify vai voltar aos tocadores de podcast. O Astella Playbook, apresentado por Daniel Chalfon e Edson Rigonatti, sócios da gestora de venture capital Astella, retornará “ao ar” a partir de 13 de junho e terá periodicidade semanal

Em sua primeira “encarnação”, o Astella Playbook teve 100 episódios e foi encerrado há dois anos, quando a dupla de apresentadores, que usava um estilo informal e divertido (por isso as muitas risadas durante as conversas) chegou à conclusão de que o ciclo de entrevistar empreendedores, investidores e personagens relevantes do ecossistema brasileiro de inovação tinha chegado ao fim.

Mas, mesmo dois anos após o seu fim, a dupla, sempre que participava de reuniões e eventos, ouvia reiterados pedidos para o retorno do podcast. “Recebíamos muitos comentários de que o podcast tinha sido importante na trajetória das pessoas. E se ajudava deveria continuar ajudando. Então, resolvemos retomar”, diz Chalfon.

O Astella Playbook vai seguir a mesma linha editorial das primeiras 100 edições, trazendo histórias de empreendedores e investidores. Uma das características é que o programa não é “chapa-branca” e não tem o objetivo de destacar o portfólio da Astella, gestora de venture capital que já captou cinco fundos – o mais recente deles com o objetivo de chegar a US$ 150 milhões.

Um exemplo de que não queria apenas fazer promoção de seu portfólio é que as entrevistas contavam com gestores de venture capital que, em tese, competiam com a Astella, assim como empreendedores de startups nas quais a gestora não investia. Parte do portfólio da Astella, no entanto, foi destacada em alguns episódios.

Uma das diferenças do Astella PlayBook 2, o retorno, é que Chalfon, Rigonatti, Laura Constantini e Marcelo Sato, todos sócios da Astella, se revezarão no microfone do podcast. Outra novidade será o "comercial do bem", momento em que representantes de ONGs poderão apresentar os seus projetos sociais e possibilidades de contribuição.

O Astella Playbook, que tem 11 mil seguidores no Spotify, foi pioneiro em abrir o microfone para empreendedores e investidores brasileiros contarem suas histórias. Com ele, muitos outros programas surgiram e o tema, restrito a cafés exclusivos, ganhou um público mais abrangente.

Outros fundos de venture capital passaram a seguir a receita da Astella. Um exemplo é a Canary que lançou o Canary Cast, e a General Atlantic, que criou o Breakthrough Labs. A própria Astella, para substituir o Playbook, fez o “Around the World”, com entrevistas com investidores ao redor do mundo, mas sem o mesmo impacto e repercussão.

Superstição

O primeiro convidado desse retorno é Marcelo Lombardo, CEO da Omie. Ele foi o primeiro entrevistado do Astella Playbook. Na época, tinha levantado uma séria A e estava começando a escalar a sua startup, que desenvolve um sistema de gestão online.

Em sua última rodada, em agosto de 2021, a Omie levantou R$ 580 milhões de fundos como Softbank, Dynamo, VELT, Hix Capital, Bogari Capital, Brasil Capital e Endeavor Catalyst. A Astella também é investidora da companhia de Lombardo.

“Eu sou supersticioso: ele deu sorte”, afirma Chalfon. “E ele tem muita história para contar de como escalar uma empresa da séria A até o estágio em que está.”

O desafio do Astella Playbook, assim como de todas as continuações, é corresponder a expectativa criada em sua primeira edição. No caso do podcast, trazer personagens para a bancada que raramente gostam de aparecer.

Na “temporada” anterior, participaram das entrevistas nomes que dificilmente dão entrevistas, como Roberto Mesquita, presidente do conselho do grupo Estado, e Veronica Serra, da Innova Capital.

As duas entrevistas mais ouvidas no Astella Playbook, no entanto, foram a de Camila Junqueira, diretora-geral da Endeavor, e a de Paulo Veras, hoje investidor, mas que é um dos fundadores da plataforma de transporte 99, o primeiro unicórnio brasileiro, como são chamadas as startups que são avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.