Quando estruturou seu fundo Multicorp II, no ano retrasado, a MSW Capital tratou de correr atrás de parceiros de peso para financiar o veículo de investimento com R$ 100 milhões. Entre os sócios atuais estão BB Seguros, Moura Baterias e AgeRio, além da Embraer.
Ainda que tenha sido uma das primeiras parcerias da MSW no veículo, a BB Seguros, começou a ter um papel mais ativo nessa sociedade somente no fim do ano passado, quando a gestora finalizou os trâmites para um novo investimento – desta vez, em uma startup com um negócio que interessa mais à seguradora do Banco do Brasil.
Nos últimos dias de 2023, a MSW assinou um aporte de R$ 8 milhões na Lina, empresa que fornece infraestrutura para o compartilhamento de dados e serviços para instituições financeiras e seguradoras, além de empresas de outros segmentos.
O aporte na Lina é o quinto investimento feito pela MSW com o fundo Multicorp II. Antes disso, a gestora já havia investido nas startups Automni, VoltBras, Speedbird e TideWise. Em média, os cheques giram em torno de R$ 3 milhões a R$ 15 milhões para aportes minoritários em startups nos estágios seed e série A.
Em todos os investimentos feitos até aqui, porém, é a Lina quem mais chama a atenção da BB Seguros. “A Lina faz parte do ecossistema de seguros e está comprometida com a evolução do mercado com gestão de risco”, diz Bruno Alves, diretor de estratégia de tecnologia da BB Seguros. “Quando nos juntamos com a MSW, olhamos o potencial de ocupar o espaço neste mercado e em outros negócios envolvendo meios de pagamento”.
Ainda assim, Alves afirma que a seguradora já consegue operar em parceria com outras investidas da MSW, como a Voltbras. “Apesar de ser o primeiro investimento de uma empresa mais próxima do nosso core, a grande vantagem de participar de um fundo de investimento é olhar novos negócios de uma forma diferente da tradicional”, afirma.
Comandada pelos sócios Alan Mareines, Luiz Jucá, Guilherme Lauria, Murilo Rabusky e Marcos Guirro, a Lina opera em um modelo B2B2C, em que vende softwares e serviços para as instituições que precisam utilizar dados em seus negócios. A companhia tem 26 clientes, entre eles TecBan, B3 e RTM.
A startup fornece diferentes serviços. Entre eles, a gestão de consentimentos (que permite o compartilhamento de dados e transações de forma rápida e segura), a agregação de contas (para a criação de aplicativos de gestão financeira pessoal), além de um produto de risco e crédito (no qual é possível obter o histórico financeiro dos clientes em todas as instituições financeiras do país para ampliar a concessão de crédito).
A Lina não revela dados financeiros de sua operação, mas diz que espera alcançar uma base de 36 empresas clientes no próximo ano – tendo, inclusive, liberdade para trabalhar com concorrentes da BB Seguros. Para apoiar esse crescimento, a startup vai contratar mais 25 funcionários. O time atual tem 50 profissionais.
“A gente não fez uma captação ativa, em que buscamos os investidores”, diz Mareines, CEO da Lina. De acordo com o empresário, o plano é utilizar o capital obtido para desenvolver novos produtos de open insurance para capturar mais dados do mercado. Entre os concorrentes da startup estão empresas como Finansystech e Sensedia.
Em relação à MSW, Richard Zeiger, diz que o investimento foi feito pensando na colaboração das startups com os negócios das empresas. Sobre novos aportes, o investidor afirma apenas que espera que 2024 seja “um ano mais intenso em termos de investimentos”, principalmente devido ao recuo da taxa de juros.