Em dezembro, a CloudWalk, fintech de meios de pagamento dona da plataforma InfinitePay, chegou ao último dos 5.568 municípios brasileiros onde, até então, não atendia nenhum cliente. Essa fronteira derradeira foi a pequena Barra do Rio Azul (RS), cidade de 1,6 mil habitantes, a 400 quilômetros de Porto Alegre.

Depois de fincar os pés - e suas maquininhas de pagamento - em 100% do território brasileiro, a CloudWalk já tem um novo destino, o primeiro fora do Brasil. E, em fase final dos preparativos para iniciar esse percurso, programa sua estreia nos Estados Unidos já nesse primeiro semestre de 2024.

“No Brasil, todo mundo está acostumado a usar PIX, QR Code e a receber dinheiro em segundos. Nos Estados Unidos, eles estão só começando”, diz Luis Silva, fundador e CEO da CloudWalk, ao NeoFeed. “Lá, você fala de pagamento instantâneo para um vendedor de rua e ele não sabe do que se trata.”

Com a visão de sair na dianteira em um mercado ainda em maturação e parcerias com bancos locais, cujos nomes não foram revelados, a fintech vai iniciar seu "sonho americano" com três ofertas embaladas no aplicativo Jim.com, que será a sua marca no país, assim como acontece com a InfinitePay no Brasil.

A plataforma vai oferecer recursos de pagamentos instantâneos e de tap to pay, tecnologia que transforma o smartphone em uma máquina de pagamentos. Além de um assistente baseado em inteligência artificial para auxiliar os usuários a gerenciarem suas finanças.

Assim como em boa parte da sua escalada no Brasil, o público-alvo nessa chegada aos EUA será formado por microempreendedores individuais ou operações com, no máximo, dois a três funcionários, em três mercados iniciais, eleitos por serem “ultra tecnológicos”: Nova York, Austin e São Francisco.

Para começar a ganhar tração, a estratégia será a mesma usada para cobrir 100% do mercado brasileiro, com marketing digital direcionado a essas cidades e, principalmente, a aposta no boca a boca dos usuários. Ao mesmo tempo, Silva ressalta outro fator-chave para abrir as portas para a startup nos EUA.

“Mais de 90% do nosso captable são investidores americanos, que investiram nas maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos”, diz Silva. Criada em 2013 , a CloudWalk  já atraiu US$ 360 milhões de investidores como Coatue Management, DST Global e The Hive, sendo avaliada em US$ 2,15 bilhões. “Isso nos dá um bom pedigree para desembarcar no mercado americano.”

No plano da gestão dessa operação, a startup estuda investir em um hub nos Estados Unidos. Mesmo com essa estrutura, a ideia é replicar o modelo já adotado no Brasil, baseado em funcionários remotos, inclusive fora do País. O CFO da empresa, Joon Cho, por exemplo, mora em Nova York.

“Hoje, temos pouco mais de 500 pessoas na operação”, diz Silva. “Devemos passar de 600 profissionais até o fim do ano, dedicados a essas duas operações.” Para 2025, a startup já estuda mercados como Oriente Médio, sudoeste asiático e norte da África como possíveis próximos passos no exterior.

Enquanto amplia suas fronteiras, no Brasil, uma das prioridades da CloudWalk é estender os imites do seu portfólio além das maquininhas pelas quais ganhou fama. A empresa já adicionou conta digital, cartões com cashback, gestão de despesas e empréstimos.

Luis Silva, fundador e CEO da CloudWalk

Lançada em fevereiro desse ano, a novidade mais recente leva o nome de Infinite Streaming e envolve o pagamento de rendimentos a cada segundo para os correntistas da InfinitePay, equivalentes a 100% do CDI e com o cálculo realizado com base nos recursos depositados e mantidos por pelo menos 30 dias.

“Isso dialoga com a nossa tese de que o dinheiro deve se mover na velocidade da luz”, afirma Silva. “A nossa ideia é trazer a era do streaming para os produtos financeiros, com os pagamentos, transações e rendimentos acontecendo em tempo real, de forma rápida e instantânea.”

Para ilustrar parte dos resultados obtidos até aqui com essa abordagem, a CloudWalk antecipou ao NeoFeed alguns dos números consolidados em seu balanço de 2023. Após atingir o breakeven no fim de 2022, a startup fechou o ano passado com um lucro líquido de R$ 108 milhões.

Já a receita líquida no período cresceu, em base anual, 41%, para R$ 1,55 bilhão. Nesse intervalo, a empresa somou mais de 10 milhões de transações instantâneas em sua plataforma e triplicou sua base de usuários, para 1,2 milhão de clientes, dos quais, 90% usam ao menos dois serviços do seu portfólio.

Na Infinite Cash, sua plataforma de empréstimos, a CloudWalk encerrou o ano com uma carteira de mais de R$ 400 milhões, financiados com o próprio balanço da companhia. O índice de inadimplência acima de 90 dias foi de 6%. Para esse ano, a meta é triplicar as operações de crédito.