Pouco mais de dois meses após receber um aporte de R$ 75 milhões do Pátria Investimentos, a StartSe está realizando mais uma aquisição. A empresa de educação está adquirindo participação minoritária na recém-lançada Digitaliza.ai, marketplace de soluções digitais voltado para pequenos e médios empreendedores.

O negócio vai permitir que a StartSe, que ganha dinheiro com a venda de cursos voltados para a inovação e mercado digital, amplie seu leque de ofertas e possa vender também o acesso às plataformas que auxiliam na digitalização de um negócio.

“O objetivo é fazer com que o cliente que busca a StartSe para aprender sobre a nova economia consiga fazer isso e saia com as melhores ferramentas para a transformação digital de seu negócio”, diz Junior Bornelli, fundador e CEO da StartSe, com exclusividade ao NeoFeed.

A Digitaliza.ai conta com mais de 600 soluções divididas em categorias como bares e restaurantes, varejo, financeiro e contábil, recursos humanos, marketing, saúde e bem-estar, entre outras. Após escolher a categoria, há uma lista de serviços que vão desde disparadores de e-mail até gerenciadores de tarefas.

O modelo de negócios é semelhante ao de outros marketplaces. Para ganhar dinheiro, a plataforma oferece vantagens para os desenvolvedores de software, como um melhor posicionamento da solução dentro da plataforma, e receba um take rate sobre cada transação. A ideia é de que o empreendedor utilize a plataforma para pesquisar, comparar e comprar o melhor software ou contratar o serviço ideal para o negócio que possui.

“Pequenos empreendedores que fizeram a transformação digital de forma apressada na pandemia podem ter sofrido porque não escolheram o software certo ou o mais em conta. Queremos mudar isso”, afirma João Teixeira de Carvalho, fundador e CEO da startup, incubada dentro da plataforma de conteúdo Morse.

Carvalho, aliás, também foi o fundador de outras startups que atuam com marketing digital. A primeira foi a PontoMobi, de mobile marketing e que foi vendida em 2015 para o Grupo RBS. Outro empreendimento é a Hands, que opera com inteligência de dados.

“A pandemia gerou uma corrida necessária e urgente em busca da transformação digital para que muitos negócios não ficassem paralisados”, afirma João Vitor Rodrigues, professor de marketing digital da ESPM Rio.

Segundo o especialista, a digitalização se tornou essencial. “Existe uma grande participação e engajamento do brasileiro na internet. Estar conectado é uma condição relevante para qualquer negócio que queira ser encontrado.”

Do lado da StartSe, este é um passo estratégico da companhia para ser mais do que uma escola de cursos. Em novembro, após receber o aporte da Pátria, Borneli ressaltou que a injeção de capital iria auxiliar na construção de “um ecossistema de soluções para sermos mais relevantes para nossos clientes”.

Antes de comprar participação na Digitaliza.ai, a edtech já havia adquirido 40% de participação na Snaq, empresa de inteligência e insights que pertence a Fisher Venture Builder. A StartSe também comprou uma participação do site Startups e investiu R$ 6 milhões na compra da desenvolvedora paranaense de softwares Gempe.

O mercado de digitalização de pequenos e médios negócios é um grande filão, mas não vai ser fácil ganhar musculatura nesse setor. Gigantes como Locaweb, Nuvemshop, RD Station e Stone, por exemplo, atuam nesse segmento oferecendo várias ferramentas de digitalização, de criação de e-commerce a gestão de redes sociais.

Conhecida como uma plataforma de cursos, a StartSe viu na pandemia a necessidade de reinventar o negócio. Isso porque até o começo de 2020, a maior parte da receita vinha dos cursos presenciais. As ofertas digitais representavam apenas 5% de seus negócios. Ao fim de 2021, este percentual já era de 70%.

No ano passado, a empresa anotou uma receita de R$ 75 milhões. A expectativa, com essa abertura no leque de serviços ofertados, é de que a companhia aumente o faturamento para R$ 135 milhões em 2022.