Desde o ano passado, as empresas de capital aberto, em especial as de tecnologia, estão passando por uma correção de seus valores de mercado nas bolsas do Brasil e do mundo.
É uma queda de valor que não deixa imune nem as companhias mais poderosas de tecnologia. A Meta (ex-Facebook), por exemplo, perde mais de 30% do valor neste ano. E Apple, Microsoft, Alphabet (Google) e Amazon também se desvalorizam 6%, 10%, 6% e 9%, respectivamente em 2022.
Os principais fundos de venture capital presente no mercado brasileiro, no entanto, acreditam que isso pode ter um impacto limitado nos seus investimentos, bem como nos valuation das startups em próximas rodadas.
“A primeira questão é não ter pressa. No longo prazo, sempre vai haver altos e baixos”, disse Alex Szapiro, operating partner e head do Brasil para o Softbank Latin America, durante o Tech Founders Summit, evento promovido pelo Itaú BBA nesta quinta-feira, 8 de abril, em São Paulo.
De acordo com ele, a imensa maioria dos fundos estão captados e com muito dinheiro para investir, o que significa que vão seguir à caça de boas ideias. “Se uma empresa é boa, não importa o cenário”, afirma Szapiro. Para ele, pode haver um ajuste nos valuation, mas acredita que isso é cíclico. "Podemos ver liquidez menor neste ano", diz.
Rodrigo Aldrighi, diretor da monashees, levantou outra questão. “É difícil apostar que vamos nos digitalizar menos”, diz ele. “A tendência em tecnologia é muito sólida. Mesmo em ciclos econômicos baixos, a tecnologia continua subindo.”
Nesse cenário, dois investidores que participaram do painel alertaram para a estratégia de captação. Para Laura Constantini, sócia da Astella Investimentos, é preciso mudar a mentalidade e entender o que está em jogo no caso de um valuation maior. “Se captou demais e não entregou, o empreendedor vai ter mais diluição”, diz Constantini.
O diretor do Valor Capital, Phillip Trauer, por sua vez, acredita que o empreendedor nunca deve captar mais do que precisa, pois junto com mais capital, ele vai precisar entregar mais resultado. “E se não entregar, corre um risco maior ainda de tomar um downround”, afirmou Trauer.
De acordo com dados do estudo Inside Venture Capital Report, do Distrito, startups brasileiras captaram cerca de US$ 9,4 bilhões em 2021, mais de três vezes o volume do ano anterior. A expectativa é que, em 2022, possa ocorrer uma desaceleração nos investimentos.