A captação de um primeiro aporte pode significar um marco no negócio para muitos empreendedores que estão começando suas startups. Porém, seis em cada dez startups não conseguem avançar para uma segunda rodada. Pior: menos de 1% das startups consegue chegar até uma sexta rodada de captação.

Esses dados fazem parte do estudo Brazilian Startups Funding Funnel, produzido pela Sling Hub e pela Namari Capital e obtido com exclusividade pelo NeoFeed. O levantamento foi feito com 999 startups que captaram um primeiro aporte entre 2018 e 2020. Os resultados mostram que apenas 428 startups captaram uma nova rodada

O estudo revela ainda que a barreira está entre o seed e a série A. Considerando somente as startups que captaram uma rodada seed por equity (691), menos de 15% (94) avançaram posteriormente em uma série A.

“Quando você passa de uma rodada de seed para série A há muitas mudanças, principalmente em relação à diligência”, afirma João Ventura, fundador e CEO da Sling Hub. “O investidor passa a ser um sócio da companhia, entra no capital social do negócio. É mais responsabilidade.”

Das empresas que conseguiram um investimento de série A, apenas 18 conseguiram captar uma série B. Para a série C, o número caiu para somente 8 startups. “Houve uma queda nos aportes para startups em estágio inicial, mas os negócios que estavam em estágios mais avançados sofreram mais neste ponto”, diz Ventura.

Isso, porém, não significa que as startups deixaram de levantar capital. Pelo menos 136 startups analisadas realizaram uma segunda rodada de seed. E outras 24 companhias fizeram ao menos duas captações pré-seed.

Segundo Ventura, o mercado de venture capital ainda deve continuar mais restrito para startups no curto prazo – principalmente para as operações em growth. “Essas startups precisam justificar um valuation muito alto”, afirma Ventura. Com isso, a tendência é de diminuição no valor dos cheques - caso os investimentos aconteçam.

Mas o que parece não faltar é dinheiro para investir. Nos últimos meses, algumas gestoras se capitalizaram ou estão buscando recursos para novos fundos. É o caso do Pátria, que assumiu a Kamaroopin e quer concluir uma captação de US$ 200 milhões; da TM3, que prepara um sexto fundo de US$ 100 milhões; e da Ribbit Capital, que levantou US$ 800 milhões.