Em dezembro de 2020, o empreendedor Khalil Yassine afirmou para o NeoFeed que seu objetivo era criar “um superapp do pequeno negócio” para a Dolado, startup que nasceu focada na digitalização de pequenos negócios. Na época, a companhia havia acabado de concluir uma captação de um aporte seed.
Nesta quarta-feira, 6 de abril, a Dolado ficou mais perto deste objetivo. A companhia anunciou a captação de um aporte de Série A de aproximadamente R$ 53 milhões. A injeção de capital é liderada pelo Valor Capital Group. A rodada contou ainda com a participação de Flourish, GFC, Clocktower Ventures, IDB e Endeavor.
Antes dessa injeção de capital, a Dolado já havia captado US$ 2,2 milhões numa rodada seed feita ainda em 2020 e também liderada pela Valor Capital. A startup ainda recebeu investimentos-anjo de valor não revelado de fundadores de startups como iFood, Stone, Olist, Viva Real e PayPal, além de sócios de fundos como Lightspeed Ventures e Expanding Capital.
Fundada em 2020 por Yassine junto aos sócios Marcelo Loureiro e Guilherme Freire, a Dolado cresceu apostando na digitalização dos pequenos lojistas.
A ideia era ir além de apenas fornecer uma plataforma virtual para a exposição e venda de produtos. Para isso, fez um trabalho corpo a corpo com os comerciantes para ensiná-los a tirar fotos dos produtos e comercializá-los via redes sociais e aplicativos.
“Havia uma distância muito grande entre os comerciantes que queriam digitalizar seus negócios e os que conseguiam fazer isso de fato”, diz Yassine, COO da Dolado, em entrevista ao NeoFeed. “Os comerciantes queriam sobreviver principalmente ao período turbulento da pandemia. E a gente queria reunir dados para lançar novos produtos.”
Com uma base de 5 mil lojistas cadastrados em sua plataforma, a Dolado coletou dados de hábitos de consumo, volume de vendas e problemas com as operações. A companhia percebeu que a maior dor estava no abastecimento do estoque, que geralmente era feito em centros atacadistas como a Rua 25 de Março, em São Paulo.
“Além disso, o comerciante fazia as compras com pressa e entrava num ciclo vicioso, já que comprava sempre os mesmos produtos”, diz Yassine.
Para resolver este problema, a empresa lançou, em março do ano passado, um marketplace que conecta lojistas com fornecedores de produtos eletrônicos. Com o tempo, a tendência é de que bijuterias, acessórios para celular e até produtos para cabelo também sejam transacionados.
Toda a compra é feita pela internet e as entregas são realizadas por meio de uma transportadora privada. Para São Paulo e Rio de Janeiro, o prazo é de 3 dias. A meta neste ano é reduzir o intervalo para 24 horas. Em outras cidades, o prazo pode ser maior.
Com o marketplace, a Dolado quadruplicou sua base para 20 mil comerciantes cadastrados e a meta é chegar em 100 mil até o fim deste ano. O foco está em lojistas que faturam até R$ 70 mil por mês.
A injeção de capital anunciada nesta quarta-feira será utilizada em três frentes: na contratação de mais profissionais, o que deve fazer com o que a empresa aumente de 100 para cerca de 200 funcionários neste ano; em investimentos em práticas de relacionamento com o cliente; e no desenvolvimento de novos produtos.
No terceiro ponto, sabe-se que a Dolado está estudando parcerias com empresas do setor financeiro para o desenvolvimento de produtos relacionados à saúde financeira do consumidor. O plano é atender um público informal para, entre outros objetivos, ajudar na obtenção de crédito.
“Se você olha esse público pela Receita Federal, não consegue saber se ele é um bom pagador ou não. Os bancos também não têm a fotografia real da saúde financeira do comerciante que, muitas vezes, lida com dinheiro físico”, diz Yassine. “Queremos criar um modelo de score para firmar parcerias com modelo crédito para escorar o crescimento desses empreendedores.”
A Dolado cresce apostando em um modelo que tem ganhado espaço no exterior, o social commerce. Um exemplo é a Meesho. A startup indiana é vista como uma referência no mercado. A companhia já captou mais de US$ 1,1 bilhão em investimentos junto a investidores como Sequoia Capital e Softbank.
Com a nova frente de negócios, a Dolado posiciona sua operação para competir diretamente com empresas que também podem conectar fornecedores com lojistas. Neste sentido estão sites como MercadoLivre e Aliexpress, por exemplo. A diferença é que estes não não focados especificamente no B2B, o que pode fazer com que os custos sejam maiores para os compradores.