Enquanto mira seu terceiro fundo, a Barn Investimentos voltou a olhar para fora do Brasil em um dos últimos aportes de seu segundo veículo de investimentos. A gestora está liderando uma rodada seed de R$ 10 milhões na operação da Ruedata, startup colombiana que faz a gestão de pneus para empresas frotistas.
O round também contou com a participação das gestoras New Ventures Capital, da Colômbia; e Avalancha Ventures, dos Estados Unidos. O Grupo Flecha Amarilla, que atua no mercado de logística no México, também embarcou na startup.
Fundada em 2017 por Sebastian Baquero, Marcelo Ramos e Alfredo Rivera, a Ruedata desenvolveu uma plataforma para controlar os gastos de pneus dos veículos. O sistema fornece dados sobre o desgaste dos pneus e as causas que levam às trocas.
"Vamos usar o dinheiro para acelerar o crescimento com vendas dentro e fora desses países", afirma Baquero, que é CEO da operação, em entrevista ao NeoFeed. Segundo o empresário, além de contratações, uma parte do capital vai ser destinada para expandir as frentes de receita do negócio com a construção de um marketplace.
A iniciativa visa facilitar a compra dos pneus pelos frotistas e desenvolver uma rede de oficinas de reparos. "Queremos criar um ecossistema de soluções que possa não apenas reduzir o custo para os clientes, mas também às emissões de carbono", diz Baquero.
Junto com o México, o Brasil é um dos principais mercados para a companhia. Os dois países representam 80% do negócio. O restante vem de outros mercados sul-americanos e de operações nos Estados Unidos – mas que ainda estão em fase mais inicial e ocorrem junto a clientes mexicanos que têm negócios além da fronteira.
Dados da startup mostram que o mercado de pneus movimenta US$ 35 bilhões anualmente. Somente na América Latina são 34 milhões de veículos comerciais. O número de pneus é ainda maior, já que alguns veículos, como caminhões, podem usar até 34 pneus.
Com 40 mil veículos cadastrados em sua plataforma e expectativa de triplicar esse número até o fim de 2025, a Ruedata tenta ganhar espaço em um mercado em que compete contra empresas como a brasileira Cobli, que já levantou mais de US$ 65 milhões em investimentos e que também atua com gerenciamento de frotas. Outra concorrente no Brasil é a Infleet, que é investida de gestoras como Citrino Ventures e Domo VC.
O investimento fora do Brasil não é uma novidade para a Barn Investimentos. A gestora já investiu em companhias de outros países da América Latina, América do Norte e da Ásia. Entre elas estão Agrotoken (Argentina), Avicanna (Canadá) e Agritask (Israel).
Para investir em startups do exterior, a gestora adota uma regra de ouro: os negócios precisam ter alguma ligação com a América Latina. “Olhamos para as vantagens competitivas na América Latina, mas para empresas que possam resolver problemas globais”, afirma Flavio Zaclis, sócio-fundador da Barn Investimentos.
Em sua tese, a Barn Investimentos olha com mais atenção para as chamadas greentechs. “Queremos financiar a inovação para uma economia mais verde”, diz Zaclis. A gestora divide os aportes em quatro verticais: agronegócio e uso da terra, eficiência logística, eficiência energética e economia circular.
Terceiro fundo
O aporte na Ruedata marcou o 11º e penúltimo investimento da Barn Investimentos em uma startup com seu segundo fundo. A gestora ainda pretende investir em mais uma companhia – da área de economia circular. Depois disso, vai concentrar esforços na captação do terceiro veículo.
As conversas com investidores já estão em andamento e a expectativa é fazer um first closing ainda neste semestre. A gestora mira captar US$ 150 milhões para investir também em cerca de 12 startups, seguindo a mesma tese aplicada no segundo fundo.
O desafio será captar os recursos. “Não está fácil”, diz Zaclis. “Mas o nosso track record e a demanda por soluções globais joga ao nosso favor.” Sobre buscar dinheiro dentro do Brasil ou no exterior, o investidor afirma que há vantagens em cada opção. “Lá fora tem mais dinheiro, mas os relacionamentos não são tão próximos.”