Quando a Barn Investimentos resolveu olhar para as startups de seu portfólio que estavam performando bem, descobriu que duas delas poderiam ser classificadas como greentechs, empresas que usam a tecnologia para desenvolver soluções focadas em sustentabilidade.

A primeira era a Strider, que desenvolveu uma plataforma para aplicação de defensivos agrícolas na lavoura e foi comprada pela gigante do agronegócio Syngenta. A outra era a Trocafone, que compra e revende celulares usados, que tentou um IPO no ano passado – a oferta não foi adiante por conta da deterioração das condições de mercado.

Para testar se havia pipeline nessa área, a Barn levantou um terceiro fundo de R$ 100 milhões. Agora, depois de investir em nove startups – a maioria do setor de agro, como Rúmina, Agrolend, Grão Direto e Agrotoken – a gestora resolveu dobrar a apostar nessa área. Na verdade, multiplicar por cinco sua aposta em greentechs.

A gestora está começando a levantar seu quarto fundo de aproximadamente US$ 100 milhões (cerca de R$ 500 milhões) para reforçar os investimentos em empresas greentechs. “No terceiro fundo, vimos que tinha muito pipeline”, diz Lina Lisbona, sócio da Barn Investimentos, ao Café com Investidor, programa do NeoFeed, que entrevista os principais gestores de venture capital e private equity do Brasil. “Aprendemos muitas lições para ter esse novo fundo.”

Uma delas é que os bolsos precisam ser mais fundos. Por esse motivo, a Barn, que entra em rodadas iniciais das startups, deve aumentar o valor de seus cheques. O foco deve ser ainda o early stage, em rodadas séries A. Mas a gestora começará a se aventurar em aportes séries B e, às vezes, C.

O valor do cheque, que ficava, em média, em US$ 2 milhões, deve passar para algo na casa dos US$ 5 milhões e até mesmo chegar a US$ 10 milhões em rodadas em startups mais maduras. “Não tem nada escrito em pedra”, diz Lisbona, referindo-se aos valores que pode aportar em startups greentechs.

O certo é que a Barn, fundada por Flavio Zaclis e Thiago Mendes há 10 anos (Lisbona se juntou a dupla em dezembro de 2018), deverá manter um portfólio concentrado. Até agora, a gestora investiu em apenas 15 startups, levando-se em conta os seus três fundos captados. A ideia, com o quarto fundo, é construir um portfólio de 15 a 20 empresas.

A tese greentech da Barn envolve investimentos em cinco áreas. A primeira delas é agro e uso do solo, que foi a que mais avançou na fase de testes. Outra vertical é a de transporte e mobilidade – a gestora investiu na Origem, uma empresa brasileira que fabrica motos elétricas e que está construindo uma fábrica em Manaus.

As outras verticais são energia renovável e eficiência energética; indústria limpa e economia circular (a Circular Brain é uma das empresas do portfólio dessa área); e novos materiais.

“Em 2050, seremos 10 bilhões de pessoas e vamos precisa produzir 30% a mais de alimentos”, afirma Lisbona, como exemplos de problemas que precisam ser resolvidos com tecnologia. “Além disso, estamos lidando com mudanças climáticas e escassez de recursos.”

Essa é uma área que tem chamado o interesse de Bill Gates, o cofundador da Microsoft. Ele está por trás do Breakthrough Energy Ventures (BEV), fundo de venture capital que captou, no ano passado, US$ 1 bilhão para investir em startups de energia limpa.

Entre os principais investidores do BEV estão Jeff Bezos, da Amazon, Mukesh Ambani, da Reliance Industries., Richard Branson, do Virgin Group, e Jack Ma, do Alibaba.

Nesta entrevista que você assiste no vídeo acima, Lisbona conta como surgiu a Barn Investimentos e explica, em detalhes, a tese da gestora, além de relembrar sua trajetória profissional. Assista a mais um episódio do Café com Investidor.