Fundada em 2016 por André Domingues, a Musique surgiu com a ideia de ressignificar a música ambiente dos varejistas. “A música vai além do entretenimento”, diz Domingues, que é também o CEO da startup. “Ela traz resultados para as empresas através de uma boa curadoria.”
Desde o ano passado, a startup resolveu ir além e passou a criar trilhas sonoras e spots comerciais para varejistas exclusivamente através de inteligência artificial. Agora, a Musique está ganhando o seu primeiro investimento institucional. A HiPartners, fundo especializado em retail tech, está apostando na empresa.
“Em vez de usar músicas reais, temos um acervo de músicas 100% criadas por inteligência artificial, sobre qualquer tema e em qualquer idioma”, afirma Domingues. “É uma experiência hiperpersonalizada.”
A Musique integrou diversas ferramentas de inteligência artificial para criar trilhas sonoras que vão tocar nas lojas. Antes de colocar a IA para funcionar, no entanto, a startup faz um estudo sobre a personalidade e a essência da marca. Só aí define gêneros musicais e frequência sonora.
Ao mesmo tempo, pelo fato de as músicas serem criadas por inteligência artificial, os varejistas podem economizar no pagamento de direitos autorais pela execução pública das canções. “Conseguimos anular o custo fixo de direito autoral”, diz Domingues. “Há casos em que os varejistas economizam até R$ 2 milhões por ano.”
O ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) arrecadou R$ 1,8 bilhão em direitos autorais no ano passado e distribuiu parte dos recursos para 345 mil compositores, intérpretes, músicos, editores e produtores fonográficos.
“O varejista sabe que tem de ter música. A plataforma da Musique restringe e reduz o pagamento de direitos autorais, mas também ajuda a ter uma curadoria melhor”, diz Walter Sabini Junior, fundador e CEO da HiPartners.
A Musique defende também que uma boa curadoria de música pode significar mais tempo de permanência de um cliente na loja, bem como mais vendas.
Segundo pesquisas realizadas pela startup, um varejista conseguiu que o cliente ficasse 9% mais tempo nas lojas com a seleção de músicas feita pela empresa. Outro grupo varejista observou aumento do NPS (métrica de satisfação do cliente que mede a probabilidade de um cliente recomendar uma empresa) em 12%.
O modelo de negócio da Musique consiste em um fee pelo desenvolvimento da trilha sonora e uma mensalidade pelo número de lojas que fazem a execução das músicas. Em média, a cada 90 dias, a startup refaz a curadoria.
Em paralelo à criação de trilhas sonoras 100% por IA, a Musique também desenvolveu uma plataforma de retail media que permite a criação de spots por inteligência artificial, permitindo aos varejistas não só criar suas próprias propagandas como monetizar esse espaço, vendendo publicidade de áudio para seus fornecedores.
Com 30 clientes, que incluem Volvo, BMW, Ri Happy e Selfit, as trilhas (reais ou feitas via inteligência artificial) estão em mais de mil lojas. Com o aporte da HiPartners, o plano da startup é quadruplicar de tamanho até o fim deste ano, atingindo 120 empresas e 4 mil lojas.
O foco vai ser em grandes varejistas com grande quantidade de lojas. A visão é que há espaço em diversos segmentos do varejo para vender a plataforma, como supermercadistas e academias.
A HiPartners, que não revelou o valor do aporte que está fazendo na Musique, ajudará nesse avanço. Ela conta com uma base de mais de 80 investidores especializados no varejo, que inclui nomes como Sergio Zimerman, fundador da Petz, Eugênio De Zagottis, membro do conselho da RD Saúde, e Gabriela Baumgart, sócia do Grupo Baumgart, entre outros.
Esse é o oitavo investimento da HiPartners. Além da Musique, a empresa investiu na FinTalk, Nexaas, BornLogic, Looqbox, Payface, Aravita e Food to Save.