Em um ano de correção de preços e em que investidores parecem ter adotado a saúde financeira como mantra para 2023, empresas tech de diferentes setores realizaram demissões em massa. Somente nesta semana, mais de 600 pessoas foram demitidas companhias de diferentes setores. No ano, o número já passa de 1 mil.
A mais recente a ingressar essa lista é Méliuz, que anunciou cortes de 59 funcionários que representam cerca de 6% de sua força de trabalho. As demissões afetaram quase todas as áreas da empresa. Nas redes sociais, uma ex-funcionária do time de recrutamento e seleção afirmou que a equipe foi reduzida pela metade.
Em nota, a empresa confirmou as demissões e afirmou que “a revisão do quadro faz parte de um processo de reestruturação interna da companhia que tem como objetivo aumentar a eficiência operacional e se adaptar ao cenário macroeconômico para continuar atuando de maneira ainda mais responsável junto aos seus colaboradores, usuários, parceiros e acionistas”.
Além dela, PagSeguro, Memed e unico também demitiram nesta semana. A idtech unico, que captou US$ 100 milhões em rodada ocorrida a menos de um ano, demitiu 110 funcionários, o que corresponde a 10,5% da força de trabalho total da operação.
Foi a segunda demissão em três meses. Em outubro do ano passado, a companhia já havia desligado 4,4% de sua força de trabalho. O número exato de cortes não foi divulgado, mas a estimativa é de que tenham sido demitidos quase 50 empregados.
Os funcionários da healthtech Memed, especializada em receitas médicas digitais, também foram afetados nesta semana. Cerca de 20 pessoas foram demitidas pela empresa, o que corresponde a 11% do quadro de funcionários. Ao NeoFeed, um investidor da companhia afirmou que os executivos da startup foram aconselhados a cortarem gastos.
A PagSeguro, por sua vez, demitiu cerca de 500 empregados. "Estamos implementando redução de cerca de 7% do total de profissionais, de diversas áreas, com o objetivo de melhorara a eficiência da companhia", informou um comunicado da empresa.
Outras demissões
Além das demissões desta semana, outras empresas também mandaram funcionários embora desde o começo do ano. Na semana passada, a Fretebrás, que pertence à Frete.com, demitiu 15% de seus funcionários, o que resultou no corte de 150 pessoas. Em novembro de 2021, a empresa captou US$ 200 milhões em rodada liderada pela Tencent.
Na mesma semana da Frete.com, a insurtech Pier, que já levantou mais de US$ 42 milhões, reduziu o quadro de funcionários em 39%. Isso resultou na demissão de 111 funcionários. Segundo a empresa, os cortes foram feitos “com o objetivo de manter o expressivo avanço dos seus negócios e sua eficiência operacional”.
A 99 não informou quantos cortes realizou em uma nova demissão em massa que veio a público no dia 10 de janeiro. Estima-se que pelo menos 77 empregados tenham sido demitidos da empresa que opera um aplicativo de transporte. Em setembro, a companhia que é controlada pela chinesa Didi já havia demitido cerca de 100 funcionários.
Outra startup que também demitiu foi a Rock Content. A empresa demitiu 15% de sua força de trabalho. Levando em conta dados do próprio site da empresa, que dizia que a companhia tinha 500 empregados, os cortes correspondem a aproximadamente 75 pessoas.
De acordo com um investidor com quem o NeoFeed conversou, o ano será marcado por demissões, fechamentos de startups e fusões e aquisições. O motivo é simples: pressão para ser economicamente viável e a dificuldade para conseguir recursos. "Quem não entrar na linha, vai dançar", diz ele.