No fim do ano passado, a startup Uotel, um misto de Airbnb com hotelaria, estava num estágio em que já tinha provado seu modelo de negócios, mas precisava de novas rodadas de investimentos para escalar a companhia. Até então, a empresa fundada pelos jovens empreendedores Thomaz Guz e Fabio Bertini, contava com um grupo de experientes empresários na estrutura societária.
Eram nomes como Antonio Setin, dono da Setin Incorporadora; Dany Muszkat, ex-presidente da construtora Even e atual presidente do conselho da You,Inc; e Roland de Bonadona, ex-presidente da Accor na América do Sul. Os três, juntos, tinham uma participação de 16,5% na Uotel e confirmaram ao NeoFeed que estavam em busca de novos aportes.
No início desse ano, a Uotel, que subloca por períodos curtos studios com metragens que vão de 20 metros quadrados a 35 metros quadrados, conversou com dois grupos. Com um deles, inclusive, tinha um term sheet assinado. A empresa receberia um polpudo aporte para dar o salto que precisava. Mas, no dia em que a cláusula de exclusividade venceu, a Loft entrou na jogada e levou a empresa para casa. O NeoFeed apurou que o negócio foi fechado em maio e até agora não tinha sido anunciado.
Pelo acordo, a Loft pagou uma parte em dinheiro e o restante em troca de ações. Apenas os fundadores permaneceram na empresa e os investidores saíram da Uotel. O NeoFeed conseguiu confirmar com Antonio Setin a venda para a empresa que é um dos unicórnios mais badalados do País.
"Eu tinha a alternativa de ficar com uma pequena participação na Loft, mas não achei conveniente, porque era uma fatia insignificante e eu não poderia dar ideias e participar do processo de crescimento da companhia", diz Setin ao NeoFeed.
Antes do fechamento do negócio, a Uotel contava com uma base de mais de 150 apartamentos locados e um giro de 4 mil diárias por mês. Para a Loft, a entrada da Uotel no seu portfólio garante a presença em uma nova área: a de aluguéis por períodos curtos, algo que a Housi, da incorporadora Vitacon, tem explorado.
A Uotel é a terceira aquisição da Loft desde a sua fundação, em agosto de 2018. Em fevereiro, a startup concluiu a compra da SPRY, empresa de pesquisa de mercado, com o plano de impulsionar sua área de big data e apurar as informações sobre o que os compradores de imóveis buscam em cada região.
Em novembro de 2019, a Loft também assumiu o controle da Decorati, companhia de reformas de imóveis. Com o acordo, que envolveu a compra de uma fatia de 51,5% da operação, a empresa turbinou sua capacidade de realizar obras simultâneas e o seu plano de expansão.
As aquisições acontecem em um momento no qual a Loft está capitalizada. Em janeiro, antes de ir às compras, a empresa recebeu um aporte de US$ 175 milhões, liderado pelos fundos Andreessen Horowitz e Vulcan Capital. Com o investimento, a novata entrou no ainda seleto clube de unicórnios do País.
No total, a Loft já atraiu US$ 275 milhões em três rodadas, com a participação de nomes como QED Investors, Thrive Capital, Monashees e Fifth Wall. E também levantou mais de R$ 300 milhões em um fundo imobiliário, cifra que é usada para financiar a compra de apartamentos que, posteriormente, são reformados e colocados à venda. A última captação, de R$ 216 milhões, aconteceu em dezembro.
Todos esses números marcam a rápida ascensão da Loft, que completa dois anos de operação em agosto. A empresa foi criada por um grupo de sete empreendedores, que inclui nomes que já têm um histórico no ecossistema local, como Florian Hagenbuch e Mate Pencz, fundadores da Printi, startup de serviços de gráfica online, e sócios do fundo de venture capital Canary.
Com a proposta de comprar, reformar e vender apartamentos, desde a sua fundação, a Loft já movimentou mais de R$ 2 bilhões. A empresa começou operando em três bairros de São Paulo. Hoje, a companhia já atua em 18 bairros da capital paulista e, nesse ano, estreou no mercado do Rio de Janeiro.
No mapa para 2020, antes da chegada da Covid-19, a companhia previa ainda a entrada em capitais como Belo Horizonte e uma primeira incursão internacional, a princípio, na Cidade do México, projetada para o segundo trimestre.
A ampliação da operação também se estende ao tamanho e ao padrão dos apartamentos que compõem a oferta da companhia. No início, a Loft estava mais concentrada em imóveis de alto padrão e de maior porte. Nos últimos meses, o escopo passou a abranger outras opções, inclusive, com menos de 60 metros quadrados. Procurados, o fundador da Uotel, Thomaz Guz, e a Loft, não responderam até o fechamento da reportagem.
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