As startups brasileiras vão ouvir o canto do canário. E o som, em vez de uma música suave, será o tilintar de dinheiro entrando no caixa. Não se trata de uma brincadeira. O fundo de venture capital Canary está concluindo a captação de US$ 50 milhões de seu segundo fundo, informaram Julio Vasconcellos e Marcos de Toledo, sócios da gestora de investimento de capital de risco, com exclusividade ao NeoFeed.

O primeiro fundo da Canary de US$ 50 milhões, captado em 2017, já está com quase todo seu capital investido. No total, foram 44 empresas, como Volanty e Docket. “Até o meio deste ano, vamos ter o segundo fundo fechado”, afirmou Toledo. “Será um grupo pequeno de investidores, muitos deles participaram do primeiro fundo.”

A primeira captação da Canary contou com a participação de empreendedores conhecidos do mercado brasileiro de inovação. Entre eles estavam Mike Krieger, fundador do Instagram, comprado pelo Facebook por US$ 1 bilhão em 2012; David Vélez, fundador do Nubank, fintech brasileira avaliada em US$ 4 bilhões; e Paulo Veras, fundador da 99, vendida para a chinesa Didi Chuxing em 2017, startup que foi o primeiro unicórnio brasileiro, como são conhecidas as empresas que valem mais de US$ 1 bilhão.

O novo fundo da Canary seguirá estratégia semelhante a do primeiro. A gestora investe exclusivamente em startups brasileiras que estão no início de sua operação. Ele é, em geral, o primeiro investidor institucional da empresa. Esses recursos são conhecidos, no jargão do setor, como seed money.

Com a evolução da startup, o Canary também atua para que novos investimentos aconteçam. São as chamadas séries A e B, quando novos fundos de capital risco apostam na companhia.

Para não ser diluído nos novos aportes, o Canary separa aproximadamente 50% dos recursos de seu fundo para seguir esses investimentos. “A média dos nossos cheques, no primeiro aporte, é de R$ 1,5 milhão”, diz Vasconcellos, que atuava diretamente dos Estados Unidos, mas está voltando ao Brasil.

Fundo de empreendedores

A brasileira Canary surgiu, em 2017, como um fundo de venture capital gerido por pessoas que já haviam criado suas próprias startups.

Os sócios são empreendedores como Julio Vasconcellos, que criou o Peixe Urbano; o húngaro Mate Pencz e o alemão Florian Hagenbuch, cofundadores da Printi, startup que opera um e-commerce de materiais gráficos; e Marcos Toledo e Patrick de Picciotto, da gestora de investimentos MSquare.

O grupo já apostava informalmente em startups como investidores-anjos antes de criarem a Canary. Mas vislumbraram que haveria uma série de oportunidades no mercado brasileiro e que, para participar do jogo, eles precisariam de mais capital para investir. Por esse motivo, uniram-se e criaram um fundo de venture capital.

“O fundo é tocado por quem já empreendeu e suportado por uma rede muita poderosa”, afirma Toledo. “A rede conta com mais de 100 empreendedores, que são investidores ou estão apenas ajudando. O importante é eles estarem por perto.”

A rede de empreendedores do Canary é extensa. Além de Krieger, Vélez e Veras, já citados, ela inclui ainda Hugo Barra, um dos brasileiros mais influentes do Vale do Silício, que trabalha atualmente no Facebook, Sergio Furio, fundador da fintech Creditas, Thomas Srougi, fundador da Dr. Consulta, e Victor Ribeiro, do Google.

Esse grupo de elite atua de diversas formas. Uma delas é dando sugestão de empresas para se investir. Eles também ajudam a resolver os problemas das startups, participando de encontros, no qual contam suas histórias e dão dicas de como superaram as dificuldades.

“O Paulo Veras esteve aqui em um encontro”, diz Pedro Roso, CEO da Docket, uma startup que desenvolveu uma plataforma que ajuda empresas a reduzir o tempo de buscar documentos. “Eles abrem também muitas portas para que possamos vender nossos serviços.”

Uma das características da Canary é investir em pessoas. A tese do fundo não é setorial. Ela identifica quem acredita ser bons empreendedores capazes de tocar uma startup. Muitas vezes, os projetos estão no papel – ou melhor, na tela de um PowerPoint – quando recebem o cheque da Canary.

Esse foi o caso da Volanty, um marketplace de carros usados fundado pelos empreendedores Mauricio Feldman e Antonio Avellar. “Recebemos investimento deles quando tínhamos apenas o plano de negócios no PowerPoint”, confirma Feldman.

O primeiro cheque da Canary na Volanty foi de US$ 800 mil. Depois, a startup fez uma captação de US$ 5 milhões, liderada pelo fundo brasileiro Monashees, no qual a Canary participou, aumentando sua fatia na empresa.

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