A fintech de empréstimo pessoal Juvo está levantando o seu primeiro Fundo de Investimento em Direito Creditório (FIDC) em busca de financiar sua expansão. Ao apostar no crescimento por dívida e não apenas em equity, o objetivo da startup é captar R$ 100 milhões para dobrar a originação de seus créditos em três anos, além de ampliar sua grade de produtos para além do crédito pessoal.
A empreitada é fruto da sua parceria com a SRM Ventures, um braço da SRM Asset, que disponibilizou R$ 40 milhões em janeiro de 2023 para a empresa financiar operações de crédito em troca de uma participação minoritária na companhia. Segundo a empresa, com esse aporte foi possível crescer a originação em dez vezes.
Essa sociedade agora gera uma oportunidade para a fintech financiar seus clientes em parceria com o braço de gestão de FIDC da SRM. Diferentemente de um venture tradicional, a SRM usa o seu braço de gestão de FIDC para apoiar o crescimento e desenvolvimento da fintech.
“Há um limite em levantar capital de equity para crescer, pois esse investidor quer um crescimento muito rápido. O venture credit tem um outro olhar, ou seja, como o crédito que geramos vai performar. E como empresa de crédito temos um grande potencial de gerar isso”, diz Murilo Menezes, sócio da Juvo, em entrevista ao NeoFeed.
A startup, fundada em 2014 pelo norte-americano Steve Polsky e hoje focada no mercado brasileiro, já tem como sócios investidores de corporate venture capital (CVCs), como Mastercard, Samsung, Nokia e Ericsson, e fundos de VC como NEA e Wing Venture Capital. Desde o início da sua operação no Brasil, já concedeu cerca de R$ 1 bilhão em crédito.
O diferencial da fintech é possuir um score próprio que permite avaliar melhor os créditos concedidos, podendo emprestar mais assertivamente a um custo menor, reduzindo a inadimplência. Seu público-alvo são assalariados de até quatro salários-mínimos e os empréstimos pessoais são a partir de 8% ao mês, frente a cerca de 20% da média do mercado. A empresa também atua no crédito para recargar de celular.
O fundo FIDC investe nos créditos que a fintech origina. Essa primeira emissão tem como cota sênior uma rentabilidade de CDI+9% e cota mezanino de CDI+16%. Haverá outras emissões no futuro para a startup continuar crescendo.
Para a SRM Ventures, esse é um case de sucesso de venture debt que pretendem continuar explorando, pois há um enorme potencial no Brasil, ainda mais com a expansão do mercado de FIDC.
“Há alguns anos as fintechs estavam no auge, mas a pandemia e a nova realidade de restrição de capital com maiores taxas de juros no mundo fizeram esse mercado encolher. Mas quem sobreviveu aprendeu a trabalhar com pouco dinheiro e deve aprender a se financiar por meio de sua própria atividade”, diz André Szapiro, head da SRM Ventures.