Assim que o carnaval passar, a startup brasileira MasterBarter, que atua com operações de barter, e a GrainChain vão anunciar um M&A. Conforme apurou o NeoFeed com pessoas familiarizadas com o assunto, a fintech fundada por Walter Dissinger, ex-CEO da Votorantim Cimentos; Marcelo Borba, ex-CEO da MB Engenharia; e Francisco Pereira, fundador e CEO da Trademaster, está negociando a venda para a companhia americana de software.

Neste momento, as partes estão em fase final de tratativas, troca de documentação e assinatura de contratos que deverá envolver a totalidade das ações da companhia. "Daqui duas semanas a GrainChain terá 100% do equity da MasterBaster", disse uma fonte a par do assunto.

Segundo outra fonte ouvida pela reportagem, essa deverá ser a primeira de uma série de aquisições que a GrainChain fará para impulsionar sua operação local. A empresa também opera nos EUA, México e Honduras.

Para concluir esse M&A, a GrainChain anunciou na quinta-feira, 16 de fevereiro, a captação de um aporte de US$ 29 milhões. Entre os investidores estão a gestora de venture capital Pelion Venture Partners, a varejista Overstock.com e a BYU Cougar Capital, fundo de investimentos da Universidade Brigham Young, além de outros investidores. Os dois primeiros já eram investidores da companhia e estão aportando US$ 10 milhões cada.

Fundada em 2018 por Fernando Campos e Luis Macias, a GrainChain trabalha com o desenvolvimento de produtos que usam tecnologias de blockchain e internet das coisas para criar fluxos de trabalho automatizados e contratos inteligentes. A companhia também opera uma plataforma de transações voltada para agentes agrícolas. Antes do aporte mais recente, a empresa havia levantado US$ 10,8 milhões.

A relação da GrainChain com a MasterBarter é antiga. Ambas eram parceiras na solução de blockchain desenvolvida pela companhia americana e que era utilizada pela fintech brasileira em suas operações de barter feitas com contratos digitais que eliminavam os trâmites de cartório.

Walter Dissinger MasterBarter
Walter Dissinger, cofundador e CEO da MasterBarter

Neste mercado, a MasterBarter concorre com companhias como TerraMagna, BartDigital, Seedz, DuAgro e Agrolend. Outra rival é a Nagro, que levantou R$ 64 milhões em dezembro de 2021.

Fundada em setembro de 2020, a MasterBarter tinha no começo do ano passado 10 clientes que totalizavam cerca de 200 agricultores. A meta era terminar 2022 com 5 mil produtores rurais utilizando a plataforma, o que iria aumentar o volume transacional para algo próximo de R$ 400 milhões.

Esse aumento poderia ocorrer a partir de investimentos que seriam feitos se a companhia levantasse mais dinheiro junto a investidores. Em fevereiro, a startup anunciou que pretendia captar R$ 20 milhões em rodada seed que deveria ser finalizada até abril. A meta era utilizar 40% desse dinheiro em marketing e vendas.

O aporte, no entanto, não chegou a ocorrer, conforme apurado pelo NeoFeed. Assim, a companhia levantou capital apenas em uma rodada pré-seed feita ainda em 2020 e que teve a participação dos fundadores, de investidores-anjo e dos fundos Parallax Ventures e FRAM Capital.

Correção: ao contrário do publicado, Francisco Pereira segue como CEO da Trademaster.