Dono das redes de ensino Alura, PM3 e Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), o Grupo Alun anunciou a aquisição da StartSe, uma das principais escolas de negócios do Brasil e que tinha o Patria entre seus investidores.

A transação, que está sendo feita em dinheiro e ações, está dando saída para o Patria, que investiu R$ 75 milhões na StartSe, em 2021. Junior Borneli, o fundador da StartSe, e Pedro Englert, Marcelo Maisonnave, Eduardo Glitz e Maurício Benevenutti, todos ex-XP, que investiram na empresa, não deixam o negócio.

Com o M&A, o grupo de educação online deve antecipar em um ano a meta de alcançar receita de R$ 1 bilhão. A previsão inicial era atingir essa marca em 2027. Para 2025, a perspectiva é atingir um faturamento de R$ 800 milhões.

“Há uma grande convergência de negócios e de tecnologia. A StartSe abre para a gente a capacidade de entrar em um mercado novo, com outras avenidas de crescimento”, diz Juliano Tubino, CEO do Grupo Alun, em entrevista ao NeoFeed.

Pelo acordo, os fundadores da StartSe seguem com participação no Grupo Alun. O management segue no comando da companhia, agora como uma unidade independente da holding. Fundador da StartSe, Junior Borneli permanece como CEO da escola de negócios, agora reportando-se diretamente a Tubino.

A empresa foi criada em 2015, em Minas Gerais, por Borneli e João Evaristo (que deixou a empresa em 2018). Ainda em 2015, entrou no quadro societário o quarteto formado por Pedro Englert, Marcelo Maisonnave, Eduardo Glitz e Maurício Benevenutti,.

“Foi uma negociação que envolveu cash e troca de ações e hoje não há mais nenhum investidor na operação. A gente quis assegurar que todos os fundadores e cofundadores se mantenham no negócio com alinhamento de incentivos”, afirma Tubino.

A partir da estratégia de fusão da StartSe ao Grupo Alun, já surge o primeiro produto da sinergia entre as empresas, que é o Post-MBA StartSe University, um programa educacional que terá duração de seis a oito meses e que, inicialmente, contará com 50 vagas. As inscrições serão abertas nos próximos dias e as aulas começam no primeiro trimestre de 2026.

“Vamos juntar todos os ativos e as experiências que a empresa já oferece e preparar esse curso, em que os executivos terão contato com as últimas tecnologias disponíveis no mercado e com as melhores práticas para preparar suas empresas às novas ondas”, diz Tubino.

Na fase final do curso, serão destinadas duas semanas para uma imersão completa para os alunos aos principais centros de inovação da China ou do Vale do Silício, nos Estados Unidos.

O Grupo Alun tem entre os principais investidores a Crescera Capital e o fundo asiático Seek Capital, responsáveis por mais de dois terços da participação acionária. A outra parte está distribuída entre cofundadores, como Paulo Silveira. A holding nasceu em junho de 2025, com a junção de marcas de ensino, algumas com mais de 30 anos de atuação.

A Alura foi criada em 2013. Há quatro anos, a empresa comprou a PM3, que é um braço de produtos digitais. Em 2022, a Fiap (fundada em 1993) foi adquirida pela companhia.

“Nosso grupo foi criado para esta tese de lifelong learning, entendendo que a cada estágio da trajetória, o profissional vai necessitar de conhecimentos diferentes, sempre com uso da tecnologia”, diz o CEO do Grupo Alun.

Juliano Tubino (esq.), CEO do Grupo Alun, e Junior Borneli, CEO da StartSe

A criação de novos produtos a partir de junção das empresas do grupo já ocorreu em outras ocasiões. Com a chegada da Fiap, surgiram novos cursos de pós-graduação, desenvolvido com a participação de profissionais da Alura e da PM3. Hoje, essa vertical já representa uma unidade de negócios com faturamento anual de R$ 50 milhões.

Por isso, segundo o executivo, fazia todo sentido completar o portfólio da plataforma de ensino, com a chegada na prateleira de um produto que atenderia os principais profissionais das grandes companhias, aliando novos conhecimentos com a utilização de recursos como Inteligência Artificial (IA).

“A gente sempre sentiu falta de ter algo para o nível mais executivo, que é onde a StartSe tem sua liderança. Sempre tivemos uma crença muito forte sobre essa convergência entre negócios e tecnologia. Estamos vivendo a maior oportunidade de um skilling que já existiu”, afirma Tubino.

Desde que foi criada, a StartSe já realizou a formação de mais de 300 mil executivos, incluindo profissionais de 70% das maiores empresas do País. Até 2030, o grupo pretende alcançar a marca de 15 milhões de profissionais impactados com as experiências de educação das marcas. Hoje, este volume é de 6 milhões de alunos formados (sem contar a StartSe).

Na aquisição, estão também incluídas as empresas das quais a StartSe tem participação, como a plataforma de investimentos CapTable, a empresa de inteligência Snaq, o marketplace Digitaliza.ai, a empresa de aplicativos Gempe e o portal Startups.

A companhia não revela o faturamento da StartSe, mas, em 2022, um ano após o cheque de R$ 75 milhões do Patria, a empresa chegou a reportar um crescimento de 358% na receita, com um plano de faturar, à época, R$ 150 milhões.